sábado, 30 de março de 2019

81ª Gent-Wevelgem in Flanders Fields



 
Nota Prévia:

Uma das principais críticas que têm feito ao Aguadeiro Trepador Blog é que sempre que escreve nas vésperas de uma prova, normalmente fala pouco sobre ela. As críticas são maioritariamente negativas. Algumas, as mais engraçadas, são: “mas isto é uma página de ciclismo?”  ou “Aguadeiro Trepador? Só pelo nome já sabemos que quem escreve nada sabe de ciclismo”!

São nestes momentos que o Aguadeiro Trepador fica feliz com o projeto!

Uma coisa é não concordar com uma opinião e como até já dissemos noutra ocasião isso até é bastante saudável. Mas outra, e essa é mesmo muito pouco inteligente, é não perceber que o objetivo do Aguadeiro Trepador não é passar horas a fio a relatar de forma exaustiva as provas que estão a decorrer ou as que irão para a estrada nos dias seguintes sem dar uma única opinião! Também o fazemos e ultimamente andamos a faze-lo até demais, mas como já devem ter reparado, na maioria das vezes isso passa para segundo plano. Se querem conhecer detalhadamente o percurso, os últimos vencedores, os favoritos ….basta abrir o site da prova em questão ou qualquer um dos 1001 sites de ciclismo que irão encontrar toda essa informação de forma profissional. E por enquanto o Aguadeiro Trepador é amador! Escreverá daquilo que quiser, como quiser e onde quiser!
 
 

 
A 81ª Gent-Wevelgem in Flanders Fields
 


 
Depois do espetáculo que foi a E3 BinckBanck Classic de ontem, amanhã teremos a 81ª edição da Gent – Wevelgem., A mais importante clássica flandrien disputada até agora. Daqui a uma semana é o dia nacional Belga com a Ronde Van Vlaanderen.
É diferente das outras provas disputadas até então.
São 251,5km, entra em França e tem menos "helligens" típicos da Flanders. O que não significa que seja mais fácil. Tem também 3 troços de estrada não pavimentada. Uma espécie de mini Strade Bianche versão “flemish”.
Gent-Wevelgem 2019
 
A dupla passagem pelo Kemmelberg, principalmente a 2ª passagem que é feita por Ossuary a 34km da meta irão fazer a seleção dos mais fortes. Para quem gosta de números este é o “hellingen “famoso com maior inclinação máxima. São 28,4%!!!!
 

 
Como é natural o pelotão é de luxo. Peter Sagan, vencedor o ano passado está no lote dos principais favoritos. A E3 não lhe correu bem. Um problema mecânico, segundo o próprio, retirou-lhe a hipótese de disputar a corrida.
Sagan, 2018
Já ganhou a Gent-Wevelgem por 3 ocasiões e se ganhar mais uma vez torna-se o ciclista da história com mais triunfos na clássica flamenga.

Elia Viviani é outro nome forte. Tem uma vantagem em relação aos demais. Deceuninck Quick Step. A Wolfpack belga tem ganho tudo o que são clássicas importantes e mesmo que Elia Viviani não esteja na discussão há sempre um Stybar que este ano está fenomenal ou até um Gilbert que pode atacar a corrida de longe.
Greg Avermaet parece estar em boa forma para atacar os 2 Monumentos dos próximos dias: Ronde van Vlaanderen e Paris Roubaix. O belga andou forte na E3 e pode fazer o mesmo na Gent-Wevelgem.
A corrida de amanhã será palco de um duelo curioso: o duelo do cyclocross. Pela primeira vez este ano os campeões Mathieu van der Poel e Wout van Aert estarão lado a lado. Não são os principais favoritos a vencer em Wevelgem mas podem animar a corrida quando esta passar pelas terríveis rampas do Kemmelberg. Querem apostar que van der Poel e Aert vão atacar no pavê do Mont Kemmel?
 

 
Depois há uma serie de ciclistas com boas hipóteses para vencer. Destacam-se o Jonh Degenkolb, Arnaud Demare, Matteo Trentin, Fernando Gaviria , Magnus Cort Nielsen ou até Sonny Colbrelli e Michael Valgren.
 



A Gent-Wevelgem e a Primeira Guerra Mundial
 
Mas para quem gosta de história também muito há para falar.
Mont Kemmel, 1918
 
O percurso da Gent-Wevelgem é uma viagem aos mais importantes campos de batalha da Primeira Guerra Mundial.
Foi zona do Kemmelberg que se realizou uma das mais sangrentas batalhas durante a 1ª Guerra Mundial. Essa batalha teve a maior participação de sempre de soldados portugueses. Conhecida como a Batalha de la Lys, que se estendeu á região belga da Flandres e ao Monte Kemmel. Morreram nesta batalha 1861 portugueses.
Durante a corrida de amanhã e no final do Kemmelberg é possível ver o monumento que assinala a terrível “ Bataille du Mont Kemmel
 
Em Ypres, já a caminho da meta em Wevelgem, o pelotão irá passar junto ao famoso Menin Gate, memorial de homenagem aos soldados britânicos que sucumbiram nas terríveis batalhas e que os corpos nunca foram recuperados.
Memorial Menin Gate
 
Também as 3 passagem pelos troços em terra batida estão associados à Primeira Guerra Mundial. Estas estradas são o ponto de ligação ao Ploegsteert Memorial to the Missing, que além de homenagear os soldados desaparecidos também recorda a “ Trégua do Natal ” , onde soldados alemães e britânicos  baixaram as armas e comemoraram junto o Natal. O armistício da Frente Ocidental foi um momento de paz e humanidade num dos períodos mais negros do continente Europeu. Soldados inimigos trocaram as armas por gestos de afetos. Houve distribuição de prendas, sentaram-se à mesma mesa e até disputaram partidas de futebol.


Por momentos a guerra parou!
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 Percurso: aqui

 Hastag: #GWE ; #GWE19 #GWE2019

 Transmissão TV: Eurosport 1 às 13h30m

 

Boas pedaladas.

quinta-feira, 28 de março de 2019

E3 BinckBank Classic 2019


 
A E3 BinckBank Classic que se realiza amanhã está inserida nos “terríveis “10 dias de ciclismo na Flanders. Terríveis para quem os tem que passar em cima de bicicleta, deliciosos para quem gosta de ciclismo!

A E3 não é propriamente uma das clássicas mais antigas. Tem ganho cada vez mais protagonismo na medida em que serve normalmente para afinar os motores apontados ao grande dia: o dia da Ronde van Vlaanderen. No entanto, nas suas 62 edições, nomes importantes das corridas de um dia venceram. O recordista com 5 vitórias é Tom Boonen. Rick van Loy dominou nos anos 60 com 4 triunfos. E Fabian Cancellara conseguiu levar o trofeu para casa por 3 ocasiões. Da lista de vencedores constam também: Peter Sagan, Roger de Vlaeminck, Freddy Maertens, Van Petegem, Johan Museeuw e até Mario Cipolini. Os belgas dominam naturalmente a lista de vencedores, mas curiosamente, o maior de todos não venceu a E3: Eddy Merckx.

E3 BinckBank Classic 2019

 

A prova deste ano tem percurso semelhante ao ano anterior. Sediada em Herelbeke, os 204km da E3 são uma “grande volta” de ida e volta com passagem pelos principais “ cobbles e hellingen” da região da Flanders. É a primeira vez em 2019 que a dupla Patenberg / Oude Kwaremont aparece como grande protagonista. Mas também lá estou outros “berg” famosos: o Hotondberg, o Kortekeer e o Taaienberg, local onde o ano passado Yves Lampaert e Nick Tersptra lançaram o ataque decisivo a cerca de 70km da meta em Herelbeke. Ao todo serão 15 pequenos muros que ao longo dos 204km da E3 irão destruir um pelotão com 175 ciclistas.

E3 2019
 

Pelotão esse de luxo. Como é habitual. Todos os nomes e favoritos a ser protagonistas nos próximos dias estarão presentes. Quem irá suceder a Nick Tersptra?

Os 15 helligens da E3 2019
 
A E3 é muito semelhante à Ronde van Vlaanderen. Quem pensa ser protagonista na Volta à Flanders deverá sê-lo também já amanhã. O melhor exemplo é o seu vencedor em 2018. Tersptra, agora na Direct Energie , venceu em Herelbeke e passado uma semana vence a Ronde. Este ano não é o grande favorito. Tersptra saiu da toda poderosa Quick-Step e é agora o líder da “modesta” equipa francesa. A sua anterior equipa, agora Deceuninck Quick Step, apresenta como habitualmente o conjunto mais forte. A Wolfpack belga tem dominado tudo o que são provas de um dia e nomes como Yves Lampaert , Phillippe Gilbert, Bob Jungels e Zdenek Stybar podem levar mais um troféu para a Deceuninck Quick Step.

Nick Tersptra venceu a E3 em 2018
Também a Bora-Hansgrohe , comandada por Peter Sagan, tem uma formação fortíssima. O eslovaco é o líder incontestável e traz consigo todos os grandes motores da formação alemã. Daniel Oss está sempre presente onde Sagan é favorito. O experiente Marcus Burghardt é uma locomotiva bastante solida e Maciej Bodnar um grande rolador por excelência. Peter Sagan não está a ter a melhor das épocas. Falhou o objetivo Milano-SanRemo , mas pode começar na E3 uma grande temporada de clássicas.

Oliver Naesen deverá ser outro nome em destaque. O ciclista da Ag2R vem de um bom 2º lugar em SanRemo. É o seu melhor resultado de sempre em Monumentos. Naesen está a andar muito bem e à muito tempo que procura o seu “grande “resultado em provas de 1 dia. Para o ajudar nesse objetivo a formação francesa tem Silvan Dillier e o gigante Stijn Vandenbergh.

Greg van Avermaet já sabe o sabor da vitória em Herelbeke. Conquistou a corrida em 2017 e pretende fazer da E3 a sua prova de eleição para preparar a Ronde van Vlaanderen, prova rainha do seu pais e que nunca conquistou.

Obrigatoriamente o nome de Wout van Aert tem de ser inserido no lote de favoritos. O que o jovem da Jumbo-Visma tem feito nas provas onde tem participado é notável. Aert, como se sabe, vem do cyclocross, mas ao que tudo indica os seus voos serão muito maiores que as pistas enlameadas da Bélgica e Holanda. O jovem belga vem de um honroso 6º lugar na Milano-SanRemo e do pódio da Strade Bianche com o seu 3º lugar, mas a praia de Wout Aert parece estar apontada para as clássicas do pavê . Aert não esconde que sonha ganhar a Ronde e por isso a prova de amanhã deverá servir para testar as pernas ao máximo. Se testar e ganhar ao mesmo tempo: melhor.
Aert, um dos favoritos em 2019
 

Depois existem outros nomes que podem sair vencedores no final dos 204km. Os italianos Matteo Trentin, Sonny Corbrelli, Davide Ballerini e Gianni Moscon, o espanhol Ivan Cortina Garcia, os dinamarqueses Marcus Cort Nielsen e Michael Valgren e toda a armada belga de “2ª linha”, mas com muita categoria: Sep Vanmarcke, Jasper Styuven, Tiesj Benoot, Dylan Teuns ou Edward Theuns.

Começa a melhor época ciclística do ano. São dias importantes para uma região inteira que adora ciclismo e adora os heróis das estradas. Se perguntarem a um puto flemish quem é o seu herói desportivo muito provavelmente ouvirão respostas como: Tom Boonen, Gilbert ou Avermaet. Na Flanders os ciclistas são verdadeiros heróis.

Boonen, um ídolo entre os mais jovens
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Percurso: aqui

Transmissão TV: Eurosport 2 pelas 15h00 ou aqui

Hastag: #e3binckbankclassic ; #E3 ; #E32019 ; #E319
 

sexta-feira, 22 de março de 2019

Milano-SanRemo " La Classicíssima" : o primeiro Monumento de 2019


 
 
Os Monumentos do Ciclismo começam com "La Classicissima " ou “La Primavera” . É já amanhã.

 
São 291km que ligam Milano a San Remo. Mais ou menos de Lisboa ao Porto. O mais longo dos Monumentos. Uma das provas mais longas do calendário mundial.

 
Quando recentemente se discutiu se a Strade Bianche já era um dos monumentos do ciclismo ou se um dia iria ser, a nossa resposta foi bastante clara. Concluímos que não! Pelo menos por agora! Está a fazer o seu percurso, mas para ser “Monumento “há um longo caminho a percorrer e muitas estórias para contar. Na Milano-San Remo esse caminho começou em 1907. A Strade Bianche ainda é uma jovem com 12 anos de idade.

 

Milano-SanRemo: o primeiro “Monumento”

 
A prova foi organizada pelo jornal desportivo “Gazeta dello Sport” e teve a distância de 288km. Estavam escritos 62 ciclistas, mas na linha de partida em Milano apenas se apresentaram 33. Mais de metade desistiu durante a prova e em San Remo apenas 14 “heróis “cruzaram a linha de meta. O francês Lucien Petit-Breton foi o mais rápido a percorrer a ligação. Nesta altura fazer 288km significavam muitas horas em cima das bicicletas e Lucien “Petit-Breton” levou 11h04m. Uma média de 26km/h. Uma grande performance para a altura. Atrás do francês chegou o seu compatriota Gustave Garrigou e em terceiro o italiano Giovanni Gerbi, o famoso “Diabo Vermelho” que já falamos aqui.
Lucien " Petit Breton" o 1º vencedor
 

Nesta época provas com distâncias elevadas não tinham apenas a vertente de competição desportiva. Eram também provas de superação da resistência humana e nalgumas vezes de sobrevivência.

Além da elevada distância as estradas eram péssimas e muitas vezes as condições meteorológicas eram dantescas. Numa das primeiras edições os ciclistas tiveram mesmo de “furar” pela neve para continuar na direção de San Remo. Aconteceu em 1910.

A edição de 1910 foi particularmente difícil. Começou pelas 6 da manhã e logo nos primeiros km os ciclistas encontraram uma tempestade de neve.

MSR 1910: " a furar a neve"

Ao chegar ao Passo de Turchino , subida que se mantem e que fará parte do percurso da edição de 2019, muitos ciclistas não aguentaram e voltaram para trás. Outros pediram refúgio nas casas que encontraram e depois de aquecerem o corpo recusaram-se a continuar em prova e foram diretos para casa. Depois do Passo de Turchino apenas 30 ciclistas continuaram em prova. Um deles foi Eugène Christophe que viria a ser o primeiro em San Remo. A meio da prova Christophe foi obrigado a vestir umas calças para se proteger do frio. Ao passar por Savona , o francês assumiu a liderança mas por pouco tempo. As suas calças entalaram-se na corrente da bicicleta e Christophe viu-se obrigado a pedir ajuda numa pequena localidade. Enquanto lhe cortavam as calças, libertando-o da bicicleta, o ciclista aproveitou para se alimentar abastecendo-se convenientemente para o resto da prova. Apesar do tempo perdido Christophe ganhou um novo folego e conseguiu alcançar a frente da corrida. Sem as calças e bem alimentado passou direto para a liderança e chegou a San Remo com mais de 1 hora de vantagem para o segundo classificado. A epopeia de Eugene Christophe durou 12h24m. A mais lenta das edições da Milano – San Remo. No final o francês foi hospitalizado por queimaduras nas mãos e cara. Esteve mais de um mês no hospital de San Remo e só voltou a competir passados 2 anos.
Eugene Christophe vencedor em 1910
 
Mais recentemente a neve também fez a sua aparição durante a prova. Foi em 2013. Os ciclistas não se refugiaram nas casas por onde passavam, mas sim nos autocarros e carros das suas equipas. Mas tal como em 1910 muitos já não regressaram á competição.

Nos anos seguintes a prova foi ganha pelos grandes nomes da altura: Alfredo Binda, Constante Girardengo ou Henry Pellissier.

 
Também a Milano San-Remo foi palco de batalha da maior e mais bonita rivalidade do ciclismo: Gino Bartali vs Fausto Coppi. A luta entre os dois não se fez apenas no Izoard (Alpes) ver aqui, ou no Tourmalet (Pirenéus ) ou noutra qualquer grande subida do Tour de France ou do Giro de Itália. Para a historia ficam também as edições da década de 40 onde os dois italianos disputavam a “Classicíssima “como se fosse a última corrida da vida. Num ano era Bartali que fugia logo no Passo de Turchino conquistando a corrida com uma longa escapada de centenas de quilómetros. No ano seguinte era a vez de Coppi pedalar com elegância e distanciar-se de Bartali acabando em San Remo com muitos minutos de vantagem. Na edição de 1946 a vantagem de Coppi era tão grande que o “Campionissimo” parou para tomar café seguindo mesmo assim destacado na frente. Entre 1940 e 1950 a corrida foi disputada nove vezes (paragem de dois anos devido à Segunda Guerra Mundial). Dessas nove edições Bartali e Coppi venceram seis.

O " famoso" café onde Coppi bebeu um café em plena MSR 1946
 

O palmarés da Milano-Sanremo é vasto e rico em nomes importantes: Eddy Merckx é o seu recordista. O Belga ganhou 7 vezes. Tambem Rik van Looy e Roger de Vlaeminck venceram a prova italiana para completar o penta dos “Monumentos “. Franscesco Moser e Laurent Fignon também tem o nome inscrito na placa do primeiro lugar, assim como Laurent Jalaber, Erik Zabel, Cancelllara, Cavendish ….

 

As últimas duas edições da prova foram espetaculares.

Em 2017 a “ La Primavera” foi ganha pelo polaco Michał Kwiatkowski num sprint muito comentado e discutido com o francês Alaphillipe e o campeão do mundo Peter Sagan. Todos os três são dos principais favoritos a ganhar a edição 2019 da “Classicíssima”.

O ano passado foi a vez do tubarão de Messima. Vincenzo Nibali juntou ao seu vasto palmarés a Milano-SanRemo, numa vitória que ficará para sempre na memória do próprio, dos seus fãs e de todos aqueles que gostam de ciclismo espetacular. Nibali ataca no Poggio de SanRemo para ser apanhado já depois de cruzar a linha de meta na Via Roma.

 

Milan-San Remo 2019

 
A edição de 2019 não deve fugir muito ao filme dos últimos anos. O percurso é o mesmo e as dificuldades também.
MSR 2019
 

Provavelmente teremos a fuga do dia a ganhar tempo até aos três Capos. Quando passarem o Capo Mele, Capo Cerve e o Capo Berta o pelotão acelera e entra compacto na Cipressa. Aí o posicionamento é fundamental pois a corrida começa a desenrolar-se a uma velocidade bastante elevada. Uma boa entrada no Poggio di Sanremo é sinonimo de sair dele numa posição bastante razoável e em condições de discutir a corrida na Via Roma. O Poggio di Sanremo com os seus 3,7km com média de 3,7% e max 8% fará a seleção dos candidatos uma vez que os restantes 5km serão em descida até entrarem no km final.

Cipressa + Poggio di SanRemo
 

 
Em 2017 foi na parte final do Poggio di Sanremo que Sagan atacou levando na roda Alaphillipe e Kwiatkowski que acabou por ser o vencedor ganhando o seu primeiro monumento. Foi também no final da subida que em 2018 Nibali ganha metros importantes ao restante pelotão para conquistar a mais bela vitória da sua carreira.
Nibali vencedor em 2018
 

Estes 4 nomes aparecem também como potenciais vencedores na Via Roma. Sagan persegue a vitória na Milano-SanRemo. Já foi segundo por duas ocasiões e quer juntar este “Monumento” aos dois que já ninguém lhe tira: Paris – Roubaix e Tour de Flanders. O eslovaco esteve doente e ao contrário de anos anteriores leva “poucos” km’s nas pernas. A sua forma é uma incógnita o que poderá até ser uma vantagem. Normalmente Peter Sagan é o alvo a abater, o principal candidato, mas desta vez não.
 
Julian Alaphillippe da Deceuninck Quick-Step tem tido uma época 2019 fantástica. Vem de três vitorias em solo italiano. Duas etapas no Tirreno-Adriático e a conquista da sempre espetacular Strade Bianche. Tal como em 2017 quando foi terceiro, o francês tem tudo a ganhar se a corrida for muito atacada nos km finais principalmente no Poggio de San Remo.  Alaphillippe vai estar na frente da corrida no momento decisivo.

Mas a hipótese da equipa belga não se resume apenas ao francês. Há mais e com muita qualidade. Elia Viviani nunca ganhou um monumento. O melhor que conseguiu numa Milano-SanRemo foi o 9º lugar em 2017, mas se a corrida não se partir na subida do Poggio e o pelotão chegar compacto aos metros finais, Viviani é um dos principais favoritos. Mas não é tudo. Se Alaphillippe e Viviani falharem a formação chefiada por Patrick Lefévère tem mais duas cartadas de peso: Philippe Gilbert e Zdenek Stybar. Gilbert procura aquilo que apenas 3 ciclistas mundiais já conseguiram: os cinco Monumentos. Ao belga faltam-lhe a corrida de amanhã e o Paris-Roubaix. Gilbert só ganha a Milano-SanRemo se fizer uma exibição monstruosa e isso significa deixar para trás toda a armada de sprinters que se apresentarão amanhã na linha de partida. Em relação ao checo Stybar é a sua excelente forma que o faz entrar na lista de possíveis vencedores. Quase impossível é certo, mas também o ano passado Nibali não “entrava nas contas”.

 

Se ganhou em 2018 porque não pode repetir o triunfo em 2019? Pode! Não será tão fácil ganhar uns metros no Poggio como aconteceu o ano passado, mas Vincenzo Nibali não deixa de ser um dos homens a ter em linha de conta. Normalmente o ciclista de Messina tem uma postura ataque na Milano-SanRemo. Ora ataca ainda nos Capos ora os seus ataques surgem mais tarde na Cipressa e Poggio. Se não houver cuidado o tubarão pode ser mortífero outra vez.

Também os seus colegas de equipa Sonny Colbrelli e Matej Mohoric estão nas listas das “ estrelinhas “ de favoritos. Tal como a Deceuninck Quick Step, a Barahain Mérida também apresenta uma formação com várias soluções que podem ser jogadas conforme o desenrolar da corrida.

 

Antes de apontarmos os nomes dos sprinters, apontamos também o de Michal Kwiatkowski da Team Sky. O polaco que venceu de forma surpreendente a edição de 2017 é um daqueles ciclistas que não vai deixar escapar um momento de marcação entre os candidatos principais. Kwia consegue seguir na frente no Poggio ou ser ele próprio a acelerar. Também é homem para num momento de distração atacar na Via Roma e vencer a sua segunda Milano-SanRemo.
Michal Kwiatkowski venceu em 2017
 

Depois aparecem o lote impressionante de sprinters. A “La Classicissima” é o Monumento mais simpático para quem faz da aceleração e da potencia dos metros finais a sua grande especialidade. Sem a pujança de outros tempos temos um antigo vencedor da prova. John Degenkolb da Trek Segrafredo. O alemão não é o principal sprinter presente, mas se o pelotão chegar compacto fará com certeza um lugar nas primeiras posições. Situação parecida para Arnaud Demare da Groupama FDJ, vencedor da edição de 2016. Caleb Ewan da Lotto Soudal , Sam Bennet da Bora-hansgrohe, Matteo Trentin da Mitchelton-Scott , Dylan Groenewegen da Team Jumbo-Visma , Michael Matthews da Team Sunweb e Alexander Kristoff e Fernando Gaviria ambos dos UAE Team Emirates. A elite dos sprinters mundiais. Falta algum ? Todos com boas hipóteses de vencer amanhã no final da Via Roma em San Remo.  


Tal como em 2018 a participação portuguesa está a cargo de José Goncalves da Team Katusha.

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Transmissão TV: Eurosport 2 pelas 13h30m

Hastag: #MSR #MSR19 #MSR2019

 

Boas pedaladas !

AT

sábado, 16 de março de 2019

Volta ao Alentejo 2019: O Passado, O Presente e o Futuro


Começa na próxima quarta-feira, 20 de março, a 37ª edição da Volta ao Alentejo em Bicicleta, carinhosamente apelidada de “A Alentejana”.

Tal como nas pessoas também nos eventos, se o “nome próprio” é substituído por uma alcunha é sinal de prestigio e de autenticidade. A Alentejana é única! É no ponto de vista desportivo, apenas na edição de 2017 se repetiu um vencedor, mas também o é do ponto de vista social e cultural. A Alentejana é a montra de uma cultura e de um povo. É o maior evento de promoção da região Alentejo com periodicidade anual.

A Alentejana também é feita de convívio. Em nenhuma outra prova realizada em Portugal essa componente foi tão importante para o nascimento e para o crescer de uma prova de ciclismo. É certo que essa componente já não está tão vincada na fase adulta da Volta ao Alentejo.

A primeira edição foi em 1983.

O Passado: a breve estória da Volta ao Alentejo

A Alentejana nasceu em 1983 através de um conjunto de amigos. Todos tinham em comum duas características: eram alentejanos e entusiastas do ciclismo.
Joaquim Mendes: impulsionador da Volta ao Alentejo
 
Tudo começou com Joaquim Mendes, na altura vereador da Câmara Municipal de Évora, ao propor uma prova desportiva que percorresse o território da região Alentejo. A ideia era ter um acontecimento desportivo de impacto nacional, mas também criar um evento de promoção do património cultural do Alentejo. A proposta foi aceite e estava lançada a primeira pedra da Alentejana.  

Mas era preciso mais! Eram precisos patrocínios, organização e comunicação social.

Para o sucesso da primeira edição muito contribuíram alguns nomes. Com certeza muitos mais do que aqueles mencionados de seguida.

Aníbal Oliveira, da Federação Portuguesa de Ciclismo, foi um deles.  Nas primeiras edições da prova teve um papel fundamental na definição de percursos e também na ligação entre a organização e a FPC. Para Aníbal Oliveira a Alentejana era única: “…havia uma coisa que era fantástica e que não acontecia em mais lado nenhum. No final das etapas havia sempre uma confraternização, íamos todos jantar ao mesmo sitio, havia sempre um rancho ou um grupa de cantares. Era totalmente diferente das outras. A Volta ao Alentejo era fascinante “

Outro nome incontornável na estória da Alentejana e também do ciclismo alentejano foi Manuel Francisco, mais conhecido por Manuel da Gaita.

Manuel da Gaita: eborense e ex ciclista
Ciclista na sua juventude e um amante da sua região, Manuel da Gaita tinha um sonho: ver uma prova de ciclismo a percorrer as estradas do seu Alentejo. Decisivo na ajuda em fundar a Alentejana, foi Manuel da Gaita que acompanhou Joaquim Mendes na visita com sucesso à FPC para convencer Aníbal Oliveira. O ex ciclista eborense era um polivalente na organização da prova: responsável pelas metas, pelos alojamentos, pela marcação dos percursos ou até pelos patrocínios, Manuel Francisco desenrascava qualquer situação. Afinal de contas ele conhecia toda a gente no Alentejo e todos conheciam o “famoso “ciclista …Manuel da Gaita.

Faleceu nas vésperas da 24ª edição da Volta ao Alentejo.

A prova ia ganhando impacto e importância edição após edição. Aparecia nas televisões e também nos jornais. Nunca o Alentejo tinha tido uma cobertura tão grande.
Teixeira Correia: além de jornalista já fez de speaker da Alentejana. Tem 35 Voltas ao Alentejo no curriculum 
 
A comunicação social desempenhou também um papel de relevo e de grande importância. No inicio muito contribuíram nomes como Homero Serpa do Jornal A Bola e a suas crónicas sobre a vertente desportiva, mas também sobre a cultura alentejana. Guita Júnior do Diário de Notícias, que acompanhou a prova desde a sua primeira edição e também os alentejanos Fernando Emílio e Teixeira Correia. Os dois ainda hoje são nomes incontornáveis da Volta ao Alentejo e responsáveis pela divulgação da prova alentejana.
F.Emílio: um dos principais nomes do jornalismo de ciclismo em Portugal
 

A edição de 1996 ficará para a historia e Fernando Emílio está intrinsecamente ligado ao ano de maior sucesso desportivo da Alentejana: a participação de Miguel Indurain, a maior figura do pelotão internacional. Foi Fernando Emílio atualmente no jornal A Bola, na altura também correspondente do jornal desportivo “A Marca” que apresentou, Alfredo Barroso, diretor da prova e um dos nomes mais importantes da Alentejana e Armando Oliveira à equipa do campeão espanhol: Banesto. Tudo aconteceu num hotel em Málaga no final de uma etapa da Volta à Andaluzia. Fernando Emílio conta que: “foi nesse momento que conseguimos convencer o manager da equipa e trouxemos o Miguel Indurain a Portugal…a partir dai a Alentejana projetou-se a nível internacional “

A vinda de Miguel Indurain foi um verdadeiro sucesso: imagens do Alentejo nas televisões espanholas, mais de uma centena de jornalista a acompanhar a prova e multidões nas chegadas e nas partidas à procura de um autografo. Um colégio de freiras de Badajoz chegou mesmo a ir a Elvas, apenas para ver Miguel Indurain, conta Armando Oliveira.

Miguel Indurain ganhou o contrarrelógio inicial de Sines e nunca mais despiu a camisola amarela da edição de 1996.  A Volta ao Alentejo tinha agora um penta campeão do Tour de France.
Miguel Indurain (vencedor em 1996), Alfredo Barroso (Diretor de Prova) e Abílio Fernandes ( Pres. CM Évora)
 
A Alentejana tem-se mantido até aos dias de hoje com os altos e baixos próprios de um desporto que vive muito de patrocínios.  Apesar de manter sempre o estatuto internacional a prova passou por uma longa fase onde apenas participavam as equipas portuguesas.

A edição do ano 2017 do ponto de vista competitivo voltou a trazer bons nomes e boas equipas. Muito contribuíram 2 fatores: a prova subiu de escalão UCI e passou a 2.1 e disputou-se na semana seguinte à Volta ao Algarve aproveitando a presença de equipas World Tour e Pro Continentais. Foi na edição de 2017 que se quebrou a tradição e a Alentejana foi ganha por um repetente: Carlos Barbero da Movistar.

O ano passado voltaram as vitórias portuguesas. Desde 2006 que a Alentejana não era vencida por um ciclista luso. Foi Luis Mendonça da Aviludo-Louletano que acabou vestido de amarelo na Praça do Giraldo em Évora.
Luis Mendonça: vencedor em 2018
 
E foi assim que chegamos à 37ª edição da Volta ao Alentejo.

Fonte: A Alentejana: CIMAC


O Presente: Volta ao Alentejo 2019.
A edição de 2019 da Volta ao Alentejo não tem grandes novidades. A prova desceu de escalão em 2018 e em 2019 mantém a categoria 2.2. Prova Internacional, mas com abertura a equipas sub-23. Tal como em 2018,  a luta individual contra o relógio que há muito estava ausente da prova alentejana disputa-se em Castelo de Vide e deverá ser mesmo decisiva para o desfecho final.
Como já foi referido a Volta ao Alentejo é 2.2. Não tem inscritas equipas do escalão máximo e apenas conseguiu atrair 2 equipas Pro Continental:
W52/FC Porto (Port);
Euskadi Basque Country - Murias (ESP)
As restantes equipas são Continentais:
Aviludo – Louletano (Portugal)- Escalão: Continental;
Efapel (Portugal)- Escalão: Continental;
LA Alumínios-LA Sport (Portugal)- Escalão: Continental;
Miranda – Mortágua (Portugal)- Escalão: Continental;
Rádio Popular – Boavista (Portugal) - Escalão: Continental;
Sporting – Tavira (Portugal)- Escalão: Continental;
UD Oliveirense- Inoutbuild (Portugal)- Escalão: Continental;
Vito - Feirense - PNB (Portugal)- Escalão: Continental;
Bai-Sicasal-Petro (Angola)– Escalão: Continental;
Differdange Geba (Luxemburgo)– Escalão: Continental;
Fundacion Euskadi (Espanha)- Escalão: Continental;
Lokosphinx (Rússia)- Escalão: Continental;
SRA (Suíça)– Escalão: Continental;
Team Wiggins (Reino Unido) - Escalão: Continental;
UNO X (Noruega)– Escalão: Continental;
A única formação sub-23 é, curiosamente, estrangeira:
Seleção U23 Great Britain (Reino Unido) – Escalão: Sub 23.
É algo que não se percebe. Quando existem poucas provas no calendário sub-23 em Portugal, a organização, por “razões estratégicas”, decide não convidar nenhuma equipa de formação portuguesa. A estratégia da Alentejana e nesta fase da sua vida deveria passar precisamente por isso: a promoção das equipas mais jovens em Portugal. As equipas de escola e sub-23 trabalham arduamente durante o ano e depois é-lhe negada a possibilidade de competir ao mais alto nível nacional. O mais estranho e caricato é o único convite a equipas sub-23 ter sido endereçado além-fronteiras: a seleção Britânica. Qual a razão? Há algum tipo de problema entre a Podium Events, as equipas sub-23 portuguesas e a Federação Portuguesa de Ciclismo? Ou a presença da seleção sub-23 do Reino Unido trará contrapartidas financeiras para a organização. E isso não iria acontecer naturalmente com as formações portuguesas? O que sabemos é o que está a vista! Uma oportunidade perdida para os jovens ciclistas portuguesas evoluírem. Muito mau!
 
Ao todo serão 802km distribuídos em 6 etapas que ligam Montemor-o-Novo e a “Mui Nobre e Sempre Leal “cidade de Évora ao chegar no Domingo à bonita Praça do Giraldo.
Ponto alto competitivo será certamente o dia de Sábado com uma jornada dupla: de manhã a etapa é curta, mas com um final exigente: apenas 74,3 km a ligar Ponte de Sor a Portalegre, mas com uma passagem pela subida de Cabeço de Mouro que apesar de curta tem inclinação média bastante elevada com rampas a chegar aos 15% e está apenas a 5km do final na cidade de Portalegre.
De tarde corre-se o CRI. Um CRI de 8,4km que será a ascensão à senhora da Penha e a descida para a “Sintra do Alentejo”: Castelo de Vide. 
RESUMO ETAPAS 2019
1ª Etapa - 20.03 - Partida Simbólica: 10h35 – Montemor-o-Novo/Moura – 208,1km - Chegada Prevista: 15h54
Etapa1: Montemor-Moura
 
2ª Etapa - 21.03 - Partida Simbólica: 11h20 – Mértola/Odemira – 182,8km - Chegada Prevista: 15h57
Etapa 2: Mértola-Odemira
 
3ª Etapa - 22.03 - Partida Simbólica: 11h25 – Santiago do Cacém/Mora – 176,5km - Chegada Prevista: 15h48
Etapa 3: Santiago do Cacém- Mora
 
4ª Etapa - 23.03 - Partida Simbólica: 10h30 - Ponte de Sor/Portalegre – 74,3km - Chegada Prevista: 12h23
Etapa 4: Ponte de Sor - Portalegre
 
5ª Etapa - 23.03 - 1º Corredor: 16h00 – Castelo de Vide/Castelo de Vide – 8,4km - Chegada Prevista: 18h27
Etapa 5: Castelo de Vide-Castelo Vide
 
6ª Etapa - 24.03 - Partida Simbólica: 11h20 – Portalegre/Évora – 152km - Chegada Prevista: 15h12
Etapa 6: Portalegre - Évora
 
O Futuro.
Aquela mística e alma que se viveram no inicio da prova, perderam-se um pouco e a vertente desportiva também, com a exceção que foi a agradável surpresa da edição de 2017. Mesmo assim a Volta ao Alentejo continua a ser o maior evento realizado na região.
Pode a Alentejana voltar a ser uma festa de confraternização e ao mesmo tempo ter ambição desportiva? A Alentejana é propriedade da CIMAC: Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central. Será que desportivamente está “amarrada “ao poder local? Mas esta ligação ao poder local é o que mantem a chama acesa da Alentejana? E se um dia a Alentejana sair da CIMAC? Irá perder a autenticidade e as suas características até hoje únicas nas provas de ciclismo organizadas em Portugal? Para que lado deverá pender a balança?
São muitas e importantes perguntas para poucas respostas o que é injusto para quem tem o trabalho de ano após ano organizar a prova. Afinal de contas a Alentejana nasceu em 1983 e nunca falhou um ano.
Em 2017, ao colar a Volta ao Alentejo com a Algarvia os resultados foram visíveis. Subida de escalão e presença de equipas World Tour e Pro Continentais de elevado valor. Do Algarve ao Alentejo é um “pulinho” e algumas equipas permaneceram em Portugal e fizeram as duas competições numa altura em que ainda faz muito frio e neva no resto da Europa. Tal como o Algarve também o Alentejo tem bom tempo, boas estradas e boa hotelaria.  Sim, é verdade. Equipas World Tour apenas participou a Movistar, mas há muito tempo que a Alentejana não tinha uma equipa da elite do pelotão internacional.
O grande problema da Volta ao Alentejo para as principais equipas mundiais é a logística. Esse foi o factor que em 2017 afastou algumas equipas Word Tour que fizeram a Volta ao Algarve e não competiram no Alentejo. Ao contrário do que acontece no Algarve, onde as equipas ficam instaladas no mesmo hotel durante uma semana e as deslocações para os locais de partida e das chegadas aos hotéis são relativamente curtas, no Alentejo isso é impossível e as equipas tem de mudar frequentemente de hotel ou então percorrer longas distâncias todos os dias. As equipas World Tour não querem isso. Infelizmente ainda consideram a Alentejana uma prova de baixo valor competitivo levando a sua “capacidade instalada” de logística para outras partes do mundo.
Mas se queremos uma Volta ao Alentejo a percorrer todos os distritos da região esta situação permanecerá. Não à volta a dar. O Alentejo é um terço de Portugal continental e nós, alentejanos, gostamos dele assim ao mesmo tempo que continuamos a gostar da nossa Alentejana com ou sem equipas da elite mundial.
A " Alentejana"
 
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