sexta-feira, 28 de julho de 2017

Era uma vez o 104º Tour de France......

A 104ª edição do Tour de France chegou ao fim no último domingo. Acabou como começou. Sky a liderar a corrida desde o primeiro dia e Chris Froome a confirmar o seu super favoritismo conquistando o seu quarto triunfo na Grande Boucle. E para todos os efeitos a verdade é esta: Froome tem 32 anos e está a uma vitória dos “imortais “ Anquetil, Merck, Hinault e Indurain.
O Tour começou este ano na Alemanha, em Dusseldorf. O já tradicional prólogo inicial de poucos metros foi transformado num contrarrelógio individual debaixo de uma chuva torrencial que se mostrou decisiva para o que se veio a passar até Paris.  Valverde , chefe de fila da equipa nº 1 do World Tour ( sim , não acreditamos que Unzue tenho apostado a maior parte das suas fichas num Quintana completamente desmotivado e cansado de um Giro que não lhe correu nada bem ) abandona a corrida devido a queda com poucos km de prova decorridos. Uran perdeu neste CRI 51 segundos para Froome , terminando em Paris apenas com 54s de atraso. A equipa mais forte , a Sky ganha a liderança da prova com Geraint Thomas  , coloca 4 ciclistas nos 10 primeiros lugares mas mais importante que isso o seu líder , Chris Froome ganha segundos a todos. Segundos importantes : Porte , Quintana , Bardet , Contador e o já referido Uran . Todos perdem para o britânico numa luta contra o relógio de “apenas “14km . Nunca uma primeira etapa da prova se mostrou tao importante e decisiva.
Geraint Thomas , o 1º camisola amarela da prova
A primeira semana de prova é marcada por 2 momentos: a expulsão do campeão do mundo e figura maior do pelotão internacional Peter Sagan e também pela etapa 9 .
A 4ª etapa chegou a Vittel, cidade conhecida pela famosa marca de água engarrafada com o mesmo nome e um dos principais patrocinadores da prova. No sprint final estão Cavendish , Sagan , Demare ( ganhou a etapa conseguindo o melhor resultado da pior equipa em prova , a FDJ ), Kristoff, Greipel e o pugilista Bouhanni . Cavendish cai, Sagan estica o cotovelo, Demare ganha e os franceses saem á rua eufóricos. 10 minutos passados Sagan é castigado, 2 horas depois e já com o banho tomado e depois dos “vídeos-árbitros” da UCI analisarem o “lance” 7365299 vezes o campeão do mundo é expulso: rua, cartão vermelho direto. Os franceses comemoram ainda mais e Demare tem caminho aberto para a glória. Deste episódio temos 2 certezas: Cavendish não cai por causa do cotovelo de Sagan e em terra de águas purificadas (Vittel) os comissários UCI embebedaram-se com um bom vinho francês.
Sagan vs Cavendish ...ganharam os comissários UCI
A bebedeira foi tal que passadas algumas etapas Bouhanni, o pugilista, esmurra um ciclista da Quick Step em plena etapa, perde 1 minuto e paga uma multa astronómica de 100 francos suíços. E com esses 100 francos o que é que os comissários UCI fizeram: foram comprar Guronsan ? Não . Compraram mais 1 garrafinha de vinho para mais tarde penalizarem Sam Bennett da Lotto Jumbo e Rigoberto Uran da Cannondale por terem recebido abastecimento dentro dos últimos km. Até ai tudo normal . Até que alguém aparece com um vídeo onde Bardet da AG2r também abastece no final da etapa e para atenuar a situação, para que não fosse muito escandaloso e depois da ultima rodada onde todos bebem de penalty, a penalização é retirada a todos. Tudo muito lógico, tudo com muita coerência, tudo normal para quem bebe vinho como se não houvesse amanhã mas depois tem que aplicar regras e ser minimamente sério na prova de ciclismo mais importante do mundo. Haja paciência para esta gente.


O outro momento chave desta primeira semana foi sem duvida a etapa 9 : Nantua – Chambéry.
Não pelas diferenças criadas, exceção para Contador que perdeu aqui 4 minutos, mas pelas mazelas nalguns dos principais candidatos à geral. Richie Porte, Robert Gesink, Geraint Thomas e Rafal Majka desistiram devido a quedas. Se Froome perdeu porventura o seu melhor escudeiro, também é verdade que perdeu talvez o seu maior rival: Richie Porte. A passadeira até Paris estava estendida para o britânico. Mas….
Mas à 12ª etapa o impensável aconteceu. Os “200m do nosso contentamento”. Froome perde a amarela para Aru em apenas 200 metros. E são os 200m do nosso contentamento porquê? Pela simples razão que estes 200 metros, muito provavelmente, são o que demais excitante aconteceu nos últimos 17 500 km de Tour. Sim, nos últimos 5 anos os 200 metros da chegada a Peryragudes trouxeram emoção, espetáculo e imprevisibilidade á corrida coisa a que já não estávamos habituados. Trouxeram também uma nova novela ao mundo ciclístico. Mikel Landa. Mas o resto desta historia já é bem conhecida e ainda não terminou. Aguardaremos a cena dos próximos capítulos.
Chegada inédita a Peyragudes e Aru retira amarela a Froome
Mas foi “sol de pouca dura” . A chegada a Rodez trouxe um Fabio Aru bastante distraído e esquecido que transportava no corpo a camisola de líder da competição. Se conseguiu a proeza de “roubar “a amarela a Froome em apenas 200 metros, também é verdade que a perdeu para o ciclista da Team Sky em apenas 500m. Não teve equipa, dizem uns. Foi tática, dizem outros. Ora nem uma coisa nem outra. Aru perde a amarela simplesmente porque ficou para trás à entrada do ultimo km : distração ou falta de pernas e força. A verdade é que depois de Rodez Aru veio aos poucos a fraquejar até sair do pódio chegando a Paris na 5º posição da geral.
A prova avançou até aos Alpes com 3 certezas que muito dificilmente eram alteradas : Froome com o caminho aberto para a sua 4ª vitoria , tinha ainda a seu favor o CRI de Marselha , Warren Barguil de camisola ás bolinhas vermelhas , rei da montanha, com margem de pontos alargada e ainda com muito para dar estava praticamente certo no podium final e também Marcel Kittel e a sua camisola verde que tinha dominado praticamente todas as chegadas em sprint e contava já com 5 vitórias em etapas . Das 3 certezas, duas confirmaram-se. Kittel cai no inicio da etapa do Galibier e abandona a competição. Michael Matthews, que muito lutou por isso, fica de camisola verde levando-a consigo até ao desfile final nos Campos Elísios.
Os Alpes trouxeram uma coisa a este Tour. O reviver das etapas lendárias do Izoard. ( ver aqui) . E trouxeram também um herói . Quando Warren Barguil entra sozinho em Casse Déserte, apenas com o “ pobre “ Atapuma pela frente que voltou a fazer 2º numa etapa de uma grande volta, a vitoria do ciclista francês era certa e Barguil escreveu o seu nome na montanha que criou lendas como Coppi, Bartali ou Bobet. Este ultimo chegou mesmo a afirmar que:  : “ Os grandes campeões tem de passar sozinhos pela Casse Déserte .” Warren Barguil conseguiu. Muito “panache”, muita classe, muito mérito. Um espetáculo. Barguil no Izoard assinou a melhor vitória deste 104º Tour de France .  
Barguil ganhou isolado no Izoard e pintou o quadro mais bonito da sua carreira

Froome ganha o seu 4º Tour de France
Froome tinha o Tour nas mãos e era previsível que alargaria a sua vantagem no CRI do penúltimo dia. Foi o que aconteceu. Christopher Froome é atualmente o único ciclista com “apenas” 4 vitórias na prova o que significa que sempre que alguém alcançou as 4 vitorias conseguiu também o penta. O Tour mais difícil para Froome será aquele onde ele atacará a glória das 5 vitorias. A historia e as estatísticas estão do lado do corredor da Team Sky.
Froome com o seu quarto triunfo , o primeiro sem vitorias em etapas, entra para o restrito lote de vencedores finais que não subiram ao lugar mais alto do podium em etapas. Além dele apenas Lambot ( 1922) , Walkowiak ( 1956), Nencini ( 1960) , Aimar ( 1966), LeMond ( 1990) , Pereiro ( 2006). Mérito !
Outro destaque desta edição é sem sobra de dúvidas a Team Sunweb: duas camisolas finais, a verde e as bolinhas encarnadas e 4 vitorias em etapas: Matthews 2 vezes e Warren Barguil outras 2 . Depois da conquista do Giro por Tom Dumoulin , um Tour quase perfeito e uma época espetacular para a formação alemã .
Espetáculo é também ver a forma de correr de Thomas de Gendt . Ciclismo romântico. Ou vai ou racha. Sempre ao ataque até as pernas aguentarem e o coração bater a ritmo razoável. Na Bélgica os miúdos são ensinados a correr assim desde tenra idade e de Gendt aprendeu muito bem a lição. Ao todo foram mais de 1000km em fuga. Praticamente 1/3 da prova. Impressionante. Lembram-se da bebedeira dos comissários da UCI lá de cima? Pois bem! Não estiveram sozinhos nas festas. Também lá estiveram os juízes que consideraram o francês Barguil como o mais combativo no Tour. Para de Gendt a situação pouco importou, afinal para quem gosta mesmo de ciclismo, ou seja, os adeptos, ele foi o grande vencedor da combatividade. Thomas de Gendt é inteligente e sabe que mais vale o reconhecimento popular que a opinião de 4 juízes franceses embriagados.  
Por falar em fugas e em ciclismo romântico terminamos com o adeus de um dos principais “escritores “ do romantismo ciclístico dos últimos anos.. O grande Thomas Voeckler. Voeckler fez a sua última etapa no passado domingo e despediu-se dos seus adeptos na mais famosa avenida da Europa. É justo.  De Thomas vamos para sempre recordar os ataques, os combates e as fugas . Aquilo que nós como meros adeptos gostamos. Não é preciso vencer um Tour para se ser um herói e o francês da Alsácia foi.  Aquela etapa de 2011 com chegada ao Galibier onde o Thomas depois de um esforço enorme comemora o quinto lugar como se fosse o primeiro só porque consegue segurar a camisola amarela por 15s e por mais um dia….esse episodio vai ficar para sempre nas nossas memórias como um exemplo de luta e de esforço.
Chapeau para Voeckler!
Voeckler no Galibier 2011: Merci Thomas
Boas pedaladas
AT

domingo, 23 de julho de 2017

4º Tour de Froome: "uma vitória à Walko" ?

A 4ª vitória de Chris Froome é uma “ vitória á Walko “ ? ( para saber o significado da expressão ver aqui a cronica já publicada ) .

Resposta : depende. 

Para a generalidade das pessoas , para as estatísticas e para a própria história do Tour a resposta é não. A 4ª vitória do britânico é igual a todas as outras vitórias . As suas e a de todos aqueles que chegaram de amarelo aos Campos Elísios ao longo destas 104 edições .

Chris Froome - vencedor da 104ª edição do Tour de France
 

Para os franceses sim . É uma “ uma vitória á Walko “ . O argumento é simples : Froome entrou hoje para o restrito lote de vencedores da prova francesa que não ganharam uma etapa ....na edição que venceram , é certo. ( Froome ganhou etapas nos outros 3 Tour´s)
Foram apenas 7 ciclistas que chegaram a Paris , subiram ao degrau mais alto da classificação geral mas nunca o fizeram como vencedor de etapas .
A maior “proeza”  pertence ao responsável pela expressão . Roger Walkowiak não ganhou nenhuma etapa no Tour que venceu assim como nunca ganhou uma etapa em toda a sua participação na Grande Boucle . É caso único.

Os franceses tem razão ? Ou é mais um ataque de ciúmes ao bom estilo “ chauvinista “ do povo que não tem um grande  herói nacional há mais de 32 anos ?

Lá para meio da semana sai meia dúzia de palavras sobre o 104º Tour de Froome...ups França.

Boas Pedaladas.
AT

segunda-feira, 17 de julho de 2017

"Os 200metros do nosso contentamento": 2ª semana de Tour 2017


Le Puy -en-Velay, que belo sitio para o 2º dia de descanso do Tour de France 2017. Património mundial pela UNESCO, a cidade do maciço central que recebeu o final da etapa de ontem, receberá também o dia de folgar as pernas e a partida para a etapa 16. Pode ser que as belíssimas paisagens da região, a caminho dos Alpes, sejam inspiradoras para franceses ( Bardet) , italianos ( Aru) e colombianos ( Uran).
Le Puy-en-Velay, património mundial da UNESCO
Froome, o britânico, não precisará de tanta inspiração. Afinal de contas está na frente, já foi desafiado várias vezes (ataques, avarias e saídas de estrada) e sempre conseguiu sair por cima. No próximo sábado ainda terá os 22km do contrarrelógio individual para salvaguardar qualquer imprevisto.
A segunda semana de Tour arrancou com as desistências da diabólica etapa 9. Foram muitas e importantes: Richie Porte, Robert Gesink, Geraint Thomas e Rafal Majka. Se Froome perdeu porventura o seu melhor parceiro, também é verdade que perdeu talvez o seu maior rival: Richie Porte .
Outra nota importante é o domínio de Kittel nas etapas ao sprint. Já leva 5 vitórias e a camisola verde quase assegurada até ao passeio final nos Champs Élysées.

Quem tem também a camisola quase certa é o francês Warren Barguil. A camisola de rei da montanha. É merecido. Barguil tem estado em todas. Nas fugas, nos prémios de montanha e nas discussões das etapas mais importantes da prova. Fez 1º em Foix , 2º na etapa rainha em Chambéry e 5º lugar em Le Puy-en-Velay. Está a fazer a sua melhor volta de 3 semanas. Richard Virenque conquistou 7 vezes o título de melhor trepador , Barguil irá conquistar o seu primeiro.Tem 25 anos , uma vontade enorme , talento e força. Os franceses precisam de heróis e Warren Barguil está nas primeiras posições.
Warren Barguil, uma das figuras do Tour 2017

Mas no top dos ciclistas franceses encontra-se Romain Bardet. Pode ganhar este Tour ? Pode , é difícil mas pode. Só que não pode só fazê-lo apenas a descer ou em rampas de 500metros. Froome só perderá o seu 4º Tour de France se alguém ousar ataca-lo de longe, mesmo quando tem uma avaria! Não é batota, não é ilegal e não é imoral. Se as bicicletas não avariassem não eram necessários mecânicos nem carros de apoio com material suplente. As avarias “acontecem “ tal como os ataques , as fugas , as penalizações , as expulsões , e todos os “ ões”….que ocorrem numa prova de 3 semanas com mais de 3500km.
E numa prova tão longa em distância é caricato que o mais interessante até agora aconteceu em apenas 700metros e divididos em 2 etapas. Há muito tempo que os adeptos do ciclismo esperavam por algo parecido.  Em 200metros, quando, surpreendentemente, Aru conquista a camisola amarela a Froome nas rampas terríveis de Peyragudes, aproveitando um deslize do ciclista da Sky e também nos 500 metros da chegada em Rodez, quando o mesmo Aru , num momento de amnesia se esquece que tem a camisola amarela , fica mal colocado no ultimo km e perde segundos importantes possibilitando o regresso da camisola de líder ao corpo de Froome .
Froome, Aru e Bardet. Os três primeiros da geral
Alguns dizem que foi tática. Impossível. Impossível porque não faz sentido nenhum. Todos os milésimos que Aru possa ter de avanço para Chris Froome serão importantes no confronto final em Marselha nos 22km do CRI. Se a tática era perder a camisola amarela para tentar escapar mais facilmente, dos 3 tiros que pode ainda dar, já perdeu o de ontem. Froome esteve a cerca de 40segundos do grupo dos lideres da prova e nem o italiano nem Bardet aproveitaram para tentar ganhar alguma coisa. Aos dois resta-lhes o mítico Galibier e o monstruoso Izoard. Bardet tem uma equipa que se tem mostrado bastante forte e coesa em defesa do seu líder, Aru pelo contrário perdeu Fulgsang e Dario Cataldo, tem muita vontade mas está por conta própria. Vamos esperar ou pedir milagres para quem é crente, pois pode haver outros "200metros do nosso contentamento" !
A juntar a este duo de candidatos a derrubar Froome temos obrigatoriamente de juntar o colombiano Rigoberto Uran. Está na sua melhor forma de sempre? Muito provavelmente. Está na quarta posição a apenas 29segundos da liderança e ao contrário dos outros dois defende-se muito bem na corrida contra o tempo.
Temos por isso quatro candidatos ao lugar mais alto do pódio . Curiosamente Froome é o único desses candidatos que ainda não subiu ao lugar mais alto de uma etapa .
Se Aru, no dia em que perdeu a amarela, teve um episódio de amnésia, é certo que os comissários também e esqueceram-se das regras . Nacer Bouhanni agrediu com o seu tradicional soco um ciclista da Quick-Step Floors. A cena foi filmada, pode ser vista milhares de vezes pelos “vídeo árbitros” da prova e se houvesse alguma logica nestas decisões Bouhanni estaria hoje a ver o resto da corrida no ringue de boxe mais perto da sua casa. Haja paciência.
 Os menos ( -) da segunda semana: Eusébio Unzué, Pinot, comissários UCI , o tipo que inventou os novos gráficos da TV
Os mais (+) da segunda semana : Barguil, Uran, Bardet, Froome e Mentjies ( de longe o melhor ciclista da UAE Team Emirates para provas de 3 semanas)
 
 
 Uma coisa é certa , nunca houve tanto equilíbrio entre os principais candidatos á vitória final. O mais estranho é que se ouvirem alguém dizer que este Tour está a ser espetacular perguntem porquê e onde?  Quem responder e for sincero dirá que foi em 700metros entre Peyragudes  e Rodez.  Não deixa de ser muito pouco, mas há falta de melhor até agora....ficam as belissimas paisagens.

Pirenéus Franceses, um postal do Tour de France 

Boas pedaladas,
AT

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Quedas , expulsões e decisões, eis a primeira semana de TOUR 2017


A 104ª edição do Tour de France chegou hoje ao seu primeiro dia de descanso. Por norma é um dia sempre “ complicado “ e os ciclistas aproveitam para carregar baterias. O problema é o dia de regresso á competição que normalmente é acompanhado de um número elevado de desistências. Que o diga Tejay Van Garderen J….desta vez ausente.
E por falar em desistências a competição arrancou no passado dia 1 com dois abandonos de peso: Valverde, chefe de fila da Movistar, sim leram bem ….chefe de fila e Ion Izaguirre da Bahrain Merida.
Valverde abandona Tour nos primeiros minutos de competição
E aproveitando a deixa abordamos já um dos temas da crónica: Quintana e a Movistar . No início do Tour quem seria o chefe de fila da equipa nº1 do World Tour? Experiente como é , acreditamos que Unzue  tinha atribuído  esse papel ao ciclista murciano. O contrário seria muito amador e uma tremenda injustiça para o próprio Nairo Quintana. Acontece que o simples facto de levar um ciclista como Quintana para uma Volta á França depois de um Giro que não correu nada bem ao colombiano é já de si um erro infantil. Quintana não está na sua melhor forma. Simples. E os resultados estão à vista. Com 1/3 do percurso completado, Quintana encontra-se a 2m13s da liderança na 8ª posição. Apesar do já tradicional crescendo de performance do corredor colombiano na última semana de prova é muito provável que nem os calcanhares do pódio consiga atingir. Mas atenção estamos só a falar no campo da futurologia.
Por falar em futurologia, o futuro de Chris Froome na prova francesa parece ser cada vez mais risonho. É normal. Mesmo parecendo mais fraco que nos anos anteriores, Froome é o ciclista mais forte do pelotão. A sua liderança parece intocável. Apesar dos escassos 18s de Aru, 51s de Bardet e 55s de Uran de atraso dá sempre a sensação que o britânico tem a corrida controlada. Ok, puderá sempre haver uma queda , uma corrida  a meio da montanha ou uma avaria com o ataque dos adversários , mas o que é certo é que Froome tem tudo a seu favor para ganhar o seu 4º Tour de France. Tudo aquilo que Aru, a subir, puderá ganhar a Froome ou os segundos ganhos de Bardet a descer, serão sempre, à partida, insuficientes para chegar a Paris de amarelo.
Romain Bardet
Froome terá sempre a seu favor o contrarrelógio de 23km no penúltimo dia para recuperar eventuais perdas. Porventura haveria um adversário para Froome : o amigo Richie Porte que abandonou a prova depois de uma queda inacreditável e assustadora na etapa rainha.
De quedas também se fez a história dos primeiros dias. Além de Valverde e Izaguirre, Cavendish vai ao chão e abandona. Sagan é expulso do Tour. Perdem todos: Sagan em primeiro lugar, a organização da prova em segundo que vê a maior figura do ciclismo mundial e atual campeão do mundo fora da maior prova ciclística e perdem também os adeptos do ciclismo. Houve excesso de zelo dos comissários?

As opiniões são diversão e existem para todos os gostos. Mas uma coisa é certa: Cavendish não cai por causa do cotovelo de Sagan. E nas 300 mil repetições os comissários conseguiram ver isso.
Uma menção honrosa para Lilian Calejame e para a sua brilhante vitória na 8ª etapa. Calejame corre com romantismo. Para ganhar é preciso atacar atacar atacar e atacar. As contas fazem se no fim da etapa. Foi isso que Calejame fez. O episodio das caibras foi a cereja em cima do bolo. Chapeau Calejame !
Lilian Calejame
Os Menos ( - ) da primeira semana: FDJ/Pinot + Movistar + monotonia na maioria das etapas
Os Mais ( +) da primeira semana : Ag2r + Calejame + Uran.
E mais uma vez ….muita atenção ao jantar do dia de descanso.
Boas pedaladas.
AT
 
 

 

 

sábado, 1 de julho de 2017

104º Tour de France

Mês de Julho = praia . Não só ! Mês de Julho = praia e TOUR DE FRANCE
 
Já começou a 104ª edição do Tour de France . Desta vez na cidade alemã de Dusseldorf e logo com um contra relógio individual de 14km que promete fazer algumas diferenças entre os principais favoritos . 
São 21 etapas ( ver aqui ) , 9 delas planas , 5 acidentadas " rompe pernas " 5 de montanha  e 2 contra relógios individuais.
 
 
 
Não queremos ser muito extensos , mas vamos ao que interessa nestas circunstancias : as etapas e os grandes protagonistas.
 
ETAPAS 
 
Além dos 2 contra relógios individuais , no primeiro e no penúltimo dia de competição , podemos identificar 4 etapas que definiram quem irá subir ao pódio no dia 23 em Paris .
 
Etapa 5 - Vittel  - La Planche des Belles Filles  ( 160km) - 5 julho (ver aqui)
 
É a primeira etapa a terminar em alto . Aqui , e depois do primeiro embate do CRI logo a abrir, os favoritos á classificação geral irão aparecer . É a primeira grande batalha . A etapa termina em La Planche des Belles Filles , 1ª cat : 5,9km , média 8,5%
 
Favoritos: Chris Froome, Bardet e Pinot
 

 
 
 

 Etapa 9 - Nantua - Chambery ( 181km) - 9 julho (ver aqui )
 
Não é nos Alpes nem nos Pirenéus mas é um autentico serrote. Apesar de não terminar em alto a ultima subida : Mont du Chat promete fazer grandes diferenças . Contador , se a primeira abordagem à montanha correr mal ( etapa 5) pode ter aqui um dia que lhe caiu que nem uma luva.
 
Favoritos : Contador, Quintana, Froome
 
 
 
Etapa 12 - Pau - Peyragudes : (214,5km) - 13 julho (ver aqui)
 
É a etapa rainha dos Pirinéus. São 6 contagens de montanha com uns 41km finais terríveis : Port de Balès , o mítico Peyresourde e as rampas finais de Peyragudes. O espetáculo promete . Esperam-se ataques, ataques e ataques . O contrario será uma desilusão .
 
Favoritos: Froome, Quintana e Aru
 
 
 
Etapa 18 - La Mure  - Serre-Chevalier ( 183km) - 19 julho ( ver aqui)
 
Já estamos nos Alpes . As diferenças entre os favoritos já deve ser significativa e esta etapa aponta para ser talvez a ultima grande oportunidade de fazer grandes mudanças na classificação geral . Os monstruosos: Croix de Fer , Telegraphe e Galibier  irão ditar as suas regras .
 
Favoritos : Quintana , Froome e uma fuga : talvez Jarlison Pantano ou Pierre Rolland.
 
 
 
 
AS FIGURAS:
A lista de inscritos pode ser consultada aqui. Vamos apontar as grandes figuras por equipa
 
Ag2r La Mondiale
 
Romain Bardet : a grande esperança dos franceses. Tem como grande objetivo o pódio final e vitorias em etapas
 
Astana
 
Jakob Fuglsang/Fabio Aru : a liderança da equipa Astana será repartida entre os 2. Ambos lutarão pelo top 5- 10
 
Bahrain Mérida
 
Ion Izagirre: Sem a presença de Nibali, a liderança deverá ser do ciclista espanhol. Top 10 e 1 vitoria em etapa
 
Bora-Hansgrohe
 
Sagan , Sagan, Sagan....Além de ser a grande figura da equipa é a grande figura do ciclismo mundial. Procura a sua 6ª camisola verde e vitorias em etapas.
 
BMC
 
Richie Porte: o australiano parece estar em grande forma. Se o azar não lhe bater á porta como tem sido habitual, pode ser um serio candidato à vitoria final
 
Cannondale-Drapac
 
Pierre Rolland: um guerreiro por natureza. Tem como objetivos a camisola de rei da montanha e integrar fugas vitoriosas nas etapas mais difíceis.
 
Cofidis
 
Nacer Bouhanni: a concorrência no sprint é muito grande , mas o francês é um "lutador " e pode surpreender os principais candidatos nas etapas planas. 1 vitoria e lutar pela camisola verde já será suficiente para considerar um bom Tour para Bouhanni.
 
Dimension Data
 
Mark Cavendish: será sempre um candidato a todas as etapas discutidas em sprint. Veio de uma longa lesão mas tem como objetivo 2 ou 3 vitorias em etapas.
 
Direct Energie
 
Thomas Voeckler: o campeão da Alsácia. Faz o seu ultimo Tour . Que bonito seria uma vitoria de uma etapa
 
FDJ
 
Arnaud Demare/ Thibaut Pinot: Demare para as chegadas rápidas e Pinot para a geral . A concorrência é muito grande para ambos , mas os adeptos franceses depositam alguma esperança no sucesso dos 2 ciclistas da FDJ
 
Fortuneo-Vital Concept
 
Brice Feillu: o ciclista francês como é habitual irá estar em fugas procurando o sucesso. 
 
Katusha-Alpecin
 
Alexander Kristoff / Tony Martin: o norueguês , apesar da época menos conseguida até agora é a aposta da equipa de José Azevedo para as etapas em sprint. O alemão Martin procura 2 vitorias nos 2 CRI
 
Lotto-Soudal
 
 
 
Tony Gallopin: a equipa belga não tem homens para atacar a geral . É certo que normalmente corre sempre para ganhar e por isso as vitorias em etapas são o objetivo. O francês Gallopin já mostrou como se ganha no Tour de France.
 
Lotto NL-Jumbo
 
Primoz Roglic / Robert Gesink:  o esloveno está em grande forma. Começou a época a ganhar no Algarve e faz agora a sua estreia na maior prova de ciclismo no mundo. É bom no CRI e já mostrou boas indicações a subir . O Top 10 é possível. Robert Gesink irá lutar por acompanhar os melhores quando o terreno empinar.
 
Movistar
 
Nairo Quintana/ Alexandre Valverde: O colombiano chegou a afirmar que será difícil ganhar o Tour com Froome no mesmo pelotão. O que é certo é que nos últimos anos so ele conseguiu fazer tremer a armada britânica da Sky. O objetivo será sempre a vitoria final. Se Quintana falhar a Movistar tem no murciano Valverde o plano B para uma boa classificação final.
 
Orica- Scott
 
Esteban Chaves: é um jovem e este não será o momento para se apresentar logo como candidato á vitoria final. O teu tempo chegará. O Top 10 é possível.
 
Quick-Step Floors
 
Marcel Kittel: o sprinter alemão é o mais forte candidato a dar vitorias a esta super equipa belga.
 
Sunweb
 
Michael Matthews: este ano já ganhou na Volta à Suiça e também no Pais Basco. Não vai ter muitas hipóteses mas já sabemos que a qualidade do australiano é suficiente para conseguir ganhar uma etapa.
 
Trek- Segafredo
 
Alberto Contador: vencedor em 2007 e 2009. Com Contador podemos esperar sempre o melhor . E o melhor é correr para ganhar.
 
UEA Team Emirates
 
Louis Meintjes: o sul africano é o homem para a geral da equipa dos Emirados. Mas as fugas serão de certeza a grande aposta
 
Wanty - Groupe Gobert
 
Yoann Offredo: é a sua primeira participação na Grand Boucle. Uma vitória em etapa seria excecional
 
Team Sky
 
Chris Froome: o principal candidato á vitoria final. Será o alvo a abater
 
 
E pronto, que comece o Tour de France. Sobretudo com espetáculo que é coisa que ficou na gaveta nas ultimas edições. 
 
O Aguadeiro Trepador irá fazer 2 artigos programados: nos 2 dias de descanso ou sempre que for necessário , por exemplo: ver o camisola amarela a correr montanha acima :)
 
Bom Tour e boas pedaladas.
 
AT