Pela vigésima sétima vez o
pelotão do Tour de France irá escalar uma das subidas mais míticas do ciclismo.
A “Majestosa “ou como alguém já a apelidou: “a subida dos trepadores” . É o Col
de la Madeleine que este ano apresenta uma vertente inédita. Às tradicionais
vertentes de La Chambre (19,3km a 8%) e Aigueblanche (28,3km a 5,4%) junta-se
este ano Notre-Dame-du-Cruet (17,1km a 8,4%).
O Col de la Madeleine situa-se
nos Alpes, na região de Saboya e une os vales de Maurienne a Tarentaise. Os seus
2000m de altitude já foram palco de muitos momentos de glória, mas também de
muita angústia e sofrimento. Que o diga David Millar no Tour 2010. Enquanto na
frente da corrida e nas primeiras rampas da “Majestosa “Cadel Evans perdia o pelotão
da frente e com ele a sua camisola amarela, na parte de trás da corrida David
Millar sofria para sobreviver. Quando chegou ao sopé da Madeleine o britânico tinha
cerca de 35 minutos de atraso para o pelotão e corria o risco de chegar depois
do limite de tempo. O cenário não era animador. Sozinho, apenas acompanhado por
uma mota da polícia, Millar tinha pela frente uma montanha imponente, repleta
de adeptos que esperam horas por aqueles momentos. Seria capaz de ter força física
para subir aqueles 28km? Ao contrário do que inicialmente pensou o publico não o
apupou por passar com muitos minutos de atraso. Pelo contrário, foi o “empurrão
“mental para superar o Col de la Madeleine. Quando Millar chegou ao cume, a
tarefa não estava terminada. O tempo de atraso não lhe permitiu ver a vista
deslumbrante dos maciços de la Lauzière e também sobre o Mont Blanc. Para não chegar
fora do tempo limite a descida da Madeleine teria de ser vertiginosa e arrisca.
E foi. Mais tarde David Millar confessou que aqueles momentos em descida “foram
apaixonantes e poucas vezes me senti tão vivo “. O gendarme que foi o seu
companheiro durante toda a etapa “abriu caminho “e Millar chegou à meta em
Saint Jean Maurienne na última posição com 42m45s de atraso para Sandy Casar que
venceu a etapa. Sobreviveu. Apesar do susto David Millar partiu na etapa
seguinte e terminou o Tour 2010 na posição 158 a cerca de 4horas do vencedor.
Mas outros ciclistas passaram bons
momentos no Col de la Madeleine. Foi nesta subida que, em 1998, Bobby Julich
segura o pódio. De modo a agradecer à majestosa
Madeleine o americano batizou a sua filha de Olivia Madeleine.
Muitos foram os nomes que por
ali passaram em primeiro. Em 2018, ano em que foi o melhor trepador do Tour de
France, foi Julian Alaphilippe. Pedro Delgado em 1984, Jan Ulrich no ano 1998 e
Pierre Roland em 2013. Mas dois ciclistas disputaram o prémio da “subida dos
trepadores” e conquistaram a Madeleine por três ocasiões. O belga Lucien Van Impe
e o francês Richard Virenque.
Em 2020 quem será o primeiro ?
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