segunda-feira, 11 de março de 2019

O bom senso ganhou à estupidez !


 




Foi por causa de uma valente ventania!

Aconteceu no passado domingo na Bélgica no Grote prijs Jean-Pierre Monseré. A corrida já decorria e aproximava-se do fim, mas devido às fortes rajadas de vento a organização decidiu suspender a prova. A razão foi só uma: proteger a segurança e saúde dos intervenientes. Em especial dos ciclistas. Não foi preciso acionar o famigerado “Extreme Weather Protocol - EWP” da UCI. Nem o Protocolo para as condições climatéricas extremas podia ser acionado na prova em questão. O EWP apenas é aplicado em competições da categoria World Tour e HC. O Grote prijs Jean-Pierre Monseré é da cat 1.1.

Curiosamente também na Holanda, uma competição feminina, o Omloop van de Westhoek, foi cancelada pelo mesmo motivo.  O mesmo aconteceu na Inglaterra no Jock Wadley Memorial. O vento também foi o motivo porque o Grand Prix de la Ville de Lillers realizado em França não chegou ao fim. E a organização do Rabobank Dorpenomloop Rucphen (Holanda) decidiu pelo mesmo caminho. No domingo todas estas provas foram canceladas numa medida de precaução. Em primeiro lugar deverá estar sempre e sem qualquer hesitação a saúde de todos.
 

Ora bem. É por isso mesmo que não há razão para o EWP ser exclusivo de provas World Tour e HC. Mas há ciclistas mais importantes que outros? Mas há condições climatéricas extremas especificas para estas categorias? O calor, o frio, o vento, as poeiras só se fazem sentir em provas World Tour e HC? Todos sabemos que não! É por isso que a regra de limita o EWP a World Tour e HC roça a parvoíce e a estupidez. A figura do protocolo desaparecer em competições abaixo de World Tour e HC não parece de bom senso. O protocolo desaparece, mas as condições climatéricas extremas e os homens continuam lá e precisam de ser protegidos.

No passado domingo assistimos ao bom senso das organizações em cancelar aquilo que podia acabar mal. "Mais vale prevenir que remediar"! E muitas vezes os provérbios populares tem mesmo razão.

Volta a Portugal 2018
 
Muito se falou das condições climatéricas na Volta a Portugal 2018. Naquela semana o pais era varrido com uma vaga de calor. O regresso da Volta a Portugal ao Alentejo fez-se debaixo de 46ªC.  Tal como nas provas de domingo, também aqui não podia ser aplicado o Extreme Weather Protocol. Nada foi feito. Nesse dia todos os distritos de Portugal estavam em alerta vermelho ou laranja. A Direção Geral da Saúde pediu a todos , independentemente de ser grupo vulnerável ou não, para se resguardarem em locais frescos e fechados. Evitar a exposição solar sobretudo no horário mais critico, entre as 11h00 e 17h00, precisamente o horário de realização da etapa. Durante cerca de 200km , entre Beja e Portalegre , além do esforço físico inerente à pratica do ciclismo, todos , em especial os ciclistas foram sujeitos a temperaturas ambientais a rondar os 46ºC, ultrapassados facilmente , se medidos junto ao alcatrão.

Na altura nós criticamos! Muitos criticaram a nossa critica. O argumentos eram mais ou menos estes: é “a vida de ciclistas” ou “isto é para homens de barba rija” Se alguém acha “normal” um ciclista sofrer um golpe de calor e uma insuficiência renal, então talvez tenhamos a nossa pirâmide de valores e prioridades invertida. Qual a barreira entre a competição e a saúde humana?
Louis Bendixen: Volta a Portugal
 
A estupidez não pode ganhar ao bom senso e felizmente no passado domingo na Bélgica, Holanda, França e Inglaterra a estupidez perdeu ! Ganhou na Volta a Portugal 2018 mas esperamos que tenha sido pela última vez.

Boas pedaladas
AT

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