sexta-feira, 25 de maio de 2018

La Cima Coppi - Colle delle Finestre

Colle delle Finestre

 
Todos sabem o que é a “Cima Coppi”, alguns sabem porque surgiu, mas poucos conhecem o episódio irónico que ocorreu na sua primeira aparição. Vai uma aposta?


“Cima Coppi” é o prémio atribuído no Giro de Itália ao ciclista que passar em primeiro na montanha mais alta em competição.  Em 2017 o vencedor foi o espanhol Mikel Landa. Outros nomes bem importantes já levaram o troféu para casa: Merckx, Fuente, Fignon, Chiappucci, Indurain, Pantani, Nibali e também Scarponi. Hoje vamos conhecer o vencedor da edição de 2018.
Colle delle Finestre : 9km de sterrato
 
Colle delle Finestre
Na edição 101ª do Giro de Itália o prémio “Cima Coppi” é atribuído na etapa de hoje ao km 111 com a passagem no famoso Colle delle Finestre aos 2175m de altitude. Desde Meana di Susa até ao Colle delle Finestre são 45 curvas distribuídas em 18km de extensão a uma pendente média de 9% com a particularidade de que os últimos 9km são em terreno não asfaltado, o famoso “sterrato”.
 
O Colle delle Finestre está localizado na região Alpina de Piemonte e apenas foi percorrido no Giro de Itália por três ocasiões. Foi o bastante para o “monstro” que liga o valle di Susa com o valle Chisone se tornar numa das subidas mais famosas do país em forma de bota. Algumas subidas demoram anos a adquirir a categoria de míticas. A maioria não consegue, mas para o Colle delle Finestre bastaram os 60 minutos durante o Giro de 2005 para entrar nesse restrito lote de ascensões que permaneceram para sempre em livros, imagens ou vídeos. Mas sobretudo irão permanecer na cabeça e coração dos adeptos de ciclismo.  
 
O Colle delle Finestre foi descoberto para o ciclismo por Carmine Castellano, diretor da prova. Estávamos numa tarde de domingo em 1995. Ao ver uma placa indicando o nome “Colle delle Finestre”, Castellano pediu ao seu motorista para fazer um “pequeno” desvio improvisado. Depois de percorrer os primeiros 11km foram surpreendidos pois a estrada perdia-se por um pequeno trilho de lama e muitas pedras. Como disse Castellano anos mais tarde: “um caminho de cabras intransitável com destino às janelas do paraíso”.  O Italiano viu no Colle delle Finestre uma tentação que em 1995 ainda era proibida.

Foram precisos 10 anos e uns Jogos Olímpicos de Inverno. Turim organizou a competição no ano de 2006 e o presidente de Piemonte queria colocar a sua região na boca do mundo desportivo meses antes do evento. A solução proposta por Carmine Castellano foi dar visibilidade ao Colle delle Finestre e torná-lo a grande atração e novidade no Giro de 2005. O presidente Enzo Ghigi concordou, restaurou os últimos 9km de ascensão, mas a pedido de Castellano manteve o piso não asfaltado dos últimos nove quilómetros. Castellano realizou então o sonho que teve em 1995, e no último ano como diretor do Giro de Itália os 18km do “seu “Colle delle Finestre fizeram parte do percurso da prova entrando para a história da competição, mas também para a historia das subidas míticas do ciclismo.

A aposta foi ganha e no dia 28 de maio de 2005 uma multidão de tifosis preencheram por completo as 45 curvas da subida. O italiano Danilo di Luca foi primeiro ciclista a chegar ao seu cimo.

Claudio Gregori do jornal La Gazzetta descreve o cenário da seguinte forma:
“o Colle delle Finestre é a fronteira entre o céu e o inferno. É como se fosse um intestino cheio de curvas com percentagens alcoólicas repleto de aztecas que guardam a sua montanha querida”

A partir deste dia o Collle delle Finestre ficou para sempre conhecido como a “a Montanha dos Índios” e será hoje percorrido pela quarta vez no Giro de Itália onde o primeiro ciclista a passar irá ganhar o prémio “Cima Coppi”
Giro 2015 - Alberto Contador : Colle delle Finestre

 

La Cima Coppi
Mas falaremos agora da “Cima Coppi”
O prémio serve como homenagem ao maior ciclista italiano de todos os tempos: Fausto Coppi.
Tudo começou em 1965.
Nessa edição do Giro de Itália o ponto mais alto era o Stelvio. Uma ascensão que sobe até aos 2758m, com pendente média de 7% e 22km de extensão desde a cidade de Bormio.
Curiosamente foi neste mesmo lugar que Coppi realizou uma das suas melhores exibições, conquistando o seu 5º Giro de Itália.
A corrida não lhe corria de feição e à entrada para a penúltima etapa Coppi tinha 2 minutos de atraso para o suíço Hugo Koblet. O italiano tinha mesmo felicitado o suíço pelo triunfo na prova, anunciando que apenas lutaria pela vitória da etapa pois a sua namorada , a famosa e controversa Giulia Occhini “ dama branca “ estaria presente para o apoiar.
Ninguém sabe se foi do seu lado amoroso e apaixonado se foram das suas capacidades físicas inigualáveis, mas Coppi atacou no inicio da difícil subida, ganhou a etapa, a camisola rosa e o seu 5º Giro de Itália.
Mas voltando ao ano de 1965 e à 1º edição do prémio “Cima Coppi “. A etapa era a 20ª e terminava no cume dos 2758m do Stelvio. Há dias que nevava abundantemente e a estrada ficou completamente bloqueada de tal forma que todos os ciclistas foram obrigados a desmontar. O primeiro a cortar a linha de meta e consequentemente a vencer o prémio foi Graziano Battistini.


Graziano Battistini - Passo del Stelvio: 1965
Ironia das ironias, ganhou a “Cima Coppi” subindo a montanha…. a pé!!! Il Campionissimo Fausto Coppi não terá ficado nada contente………
Boas Pedaladas!  

Texto publicado também em: https://fairplay.pt/modalidades/ciclismo/la-cima-coppi-colle-delle-finestre/
 



 

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Pela 1ª vez no Giro, Yates é humano !


 
A fuga chegou a ter 16 minutos de avanço para o pelotão e foi de forma natural que saiu de lá o vencedor da etapa 18. Maximilian Schachmann  (Quick-Step Floors) deu a quinta vitória à formação belga. Schachamann foi o mais forte nos 500 metros finais e nem Rubén Plaza (Israel Cycling Academy) nem Mattia Cattaneo  (Androni - Sidermec – Bottecchia) tiveram força para seguir o jovem alemão e permitindo-lhe conquistar a sua segunda grande vitória numa prova World Tour .
O pelotão, ou o que restou dele, chegou mais de 10 minutos depois e o destaque vai naturalmente para a primeira vez que Simon Yates ( Mitchelton-Scott) quebrou monstrando que também é humano ! Numa primeira tentativa Yates responde a Tom Dumoulin(Team Sunweb)  , mas depois do ataque de Chris Froome (Team Sky) o britânico não consegue acompanhar os homens da frente. Tom Dumoulin, Domenico Pozzovivo (Bahrain Merida) e Froome ganharam 28s a Simon Yates que agora segura a maglia rosa apenas por 28s.
 
No primeiro dos três dias que decidirão o Giro de Itália de 2018, Yates perde para os seus rivais, mas mostra tranquilidade para as etapas de amanhã e sábado: “as duas etapas seguintes são mais para as minhas caraterísticas”. Por um lado, tem razão. Mas se fraquejar como hoje as perdas serão maiores e pode deitar fora aquilo que alcançou até à etapa 18.
Pode acontecer? Pode? Vai acontecer? Pouco provável.
Continuamos a apostar em Simon Yates, mas já sabem, o Aguadeiro Trepador é muito mau a fazer previsões.
José Gonçalves terminou a etapa em 31º e subiu a 18º da geral individual.
Classificação da etapa aqui
Classificação geral aqui
#giro101 #giro #giroditalia #giro2018 

terça-feira, 22 de maio de 2018

Yates tem uma mão e meia no troféu final.


 
Depois do dia de hoje vamos partir de dois pressupostos:

1-    Yates mantem a bitola nas últimas três etapas com final em alto

2-    Yates tem quebra e tem um dia mau

Se Yates mantiver o nível destas 2 semanas e meia, não há, à partida, ninguém que lhe seja superior. E mesmo que seja não será suficiente para fazer grandes diferenças (Froome vs Yates no Zoncolan ). Quando falamos em alguém: estamos a falar de Tom Dumoulin. Se porventura for superior a Yates não será o suficiente para conquistar os 56s que os separam. Entramos então no pressuposto dois. Yates tem uma quebra e Dumoulin está a um nível superior. Muito superior. Pode acontecer? Pode? Vai acontecer? Pouco provável.

Simon Yates tem tudo para ganhar o Giro! Tem as duas mãos no trofeu e só lhe falta fechar o fecho da maglia rosa para se tornar o primeiro britânico a ganhar a prova italiana.
 
 
Contrarelogio de hoje ganho por Rohan Dennis , segundo para Tony Martin e Tom Dumoulin fecha o pódio.

Classificação da etapa: aqui

Classificação geral individual: aqui

domingo, 20 de maio de 2018

Vitória de Yates com presente envenenado para Froome


 
Nas contas deste fim de semana, nos acertos e por fim na prova dos 9, Simon Yates (Mitchelton Scott) venceu e convenceu. Ao ganhar hoje, uma etapa com 4 contagens de montanha e depois de uma subida ao temível Zoncolan, Yates deu um passo importante em busca da sua maior vitória na carreira: a maglia rosa final no Giro de Itália.

Uma etapa marcada por uma fuga com muita gente onde Giulio Ciccone (Bardiani-CSF) destacou-se pela sua ousadia e espírito guerreiro. O italiano é uma das figuras deste Giro apesar de ainda não ter a desejada recompensa: a vitoria numa etapa.

Na fuga, aos poucos todos caíram e a luta pela etapa seria discutida pelos homens da frente da geral individual. Todos caíram incluindo o campeão italiano Fábio Aru (UAE Team Emirates) que levou a “marretada” ficando colado ao alcatrão e ás inclinações das estradas da etapa de hoje. É o adeus de Aru……praticamente a tudo! Chegou 20minutos depois de Yates.  Tem na última semana três hipóteses para deixar a sua marca numa prova onde surgia como um dos candidatos ao pódio final.

Jack Haig (Mitchelton Haig) foi de novo o homem escolhido para encabeçar o pelotão quando se aproximou a subida decisiva, a penúltima, com a extensão de 3,7km a 8,2% de média. Quando Simon Yates atacou, sensivelmente a meio da subida e a 18km da meta, já Chris Froome estava descolado do grupo da frente. Pozzovivo reagrupou tudo por momentos, mas Yates voltou a esticar a corda e conseguiu parti-la de forma definitiva. Desceu, voltou a ganhar tempo, voltou a subir para Sappada e pela terceira vez ganhou uma etapa igualando Elia Viviani em número de vitórias. Há entrada para o segundo dia de descanso Simon Yates lidera a classificação geral e a camisola de melhor trepador. Venceu três etapas, ofereceu uma a Esteban Chaves e ganha tempo sempre que o terreno inclina. É a maior figura do Giro de Itália 2018 à entrada para a ultima semana e mesmo com o CRI de terça feira, é também o principal candidato a entrar em Roma de maglia rosa. Se Yates tem ganho tempo, aos poucos, claro que outros tem perdido. Apesar de se defender muito bem num terreno que não é o seu predileto e estar completamente dentro da luta pela geral, Tom Dumoulin (Team Sunweb), que terminou hoje em 3º, tem perdido alguns segundos para o britânico da Mitchelton Scott sempre que o terreno empina. Perdeu no Etna, em Gran Sasso, em Osimo, perdeu ontem no Monte Zoncolan e hoje em Sappada. Tom Dumoulin se quiser ganhar o seu segundo Giro terá de recuperar mais de 2m11s. O campeão do mundo de CRI corre mesmo o risco, com fortes probabilidades de acontecer, de não conseguir recuperar a liderança da prova quando na terça feira os ciclistas lutarem individualmente contra o relógio.

Hoje, atrás de Yates e à frente de Dumoulin ficou o colombiano Miguel Angel Lopez (Astana).

Como já referimos, Chris Froome descolou logo no inicio da penúltima dificuldade do dia. Com ele não estava Wouter Poels, o seu escudeiro preferido e o homem que ontem no Monte Zoncolan fez um trabalho estupendo para destruir o que restava do grupo da frente. Froome descolou e nunca mais conseguiu chegar-se a frente. Em dia de aniversário o britânico da Team Sky recebeu um presente envenenado. Os problemas de Froome terão mudado 😊. Esse presente, provavelmente, foi-lhe enviado pelo Monte Zoncolan e chama-se acido láctico acumulado! Se ontem Froome deu um pontapé na crise “, hoje a bola bateu no poste e acertou-lhe em cheio na cara! Froome não continuou a boa prestação do Monte Zoncolan, perde 1m32s para Yates e desce a sétimo da geral a 4m52s. Mesmo com um CRI de 32km muito dificilmente entrará na luta pelos três primeiros lugares.
 

Dia de descanso amanhã e reta final da edição 101ª do Giro de Itália que começa na terça feira com um contrarrelógio individual e três etapas de alta montanha na quinta, sexta e sábado. Veremos como decorre o CRI! Cuidado, já sabemos como são os dias de competição seguidos dos dias de descanso!

José Gonçalves, depois de uma boa subida ontem e hoje, regressou ao top 20 da maglia rosa, é 20º

Classificação da etapa: aqui

Classificação geral individual: aqui

sábado, 19 de maio de 2018

Chris Froome deu um pontapé na crise e vence no Monte Zoncolan


 
Em dia de casamento do príncipe Harry com Meghan foram os britânicos a brilhar na etapa 14 do Giro Itália, por muitos considerada a etapa rainha.

Chris Froome (Team Sky), que até aqui foi sempre notícia pelas piores razões, as perdas de tempo e os indícios de que não se encontrava em boa forma física, arrancou do grupo da frente na passagem pelos 4km finais. Apenas parou depois de erguer os braços perante uma plateia estimada de 100mil pessoas acumuladas no anfiteatro natural que é o Monte Zoncolan. Froome conquista a sua segunda vitória em solo italiano depois de vencer em 2013 uma etapa no Tirreno Adriático. Subiu a quinto da geral individual a cerca de 3minutos de Simon Yates.
 
Froome beneficiou de um super Wout Poels que controlou e dizimou o grupo da frente desde o inicio da subida até ao ataque do seu companheiro. Este foi o Poels da Vuelta 2017 e do Tour de 2016. Este foi o Wout Poels “bebe coca-cola” e fecha ataques!

Apenas a camisola rosa Simon Yates (Mitchelton Scott) tentou alcançar a treta campeão do Tour. Deixou para trás Pozzovivo e Angel Lopez e durante 3km mordeu os calcanhares ao compatriota da Team Sky. Mordeu sem nunca trincar o corpo todo, pois Froome venceu em Zoncolan com 6s de vantagem para Yates. No entanto, Simon Yates é um dos grandes vencedores da jornada. Bonifica e alarga a vantagem para o segundo classificado da geral: Tom Dumoulin. Depois de hoje Yates tem a maglia rosa segura por 1m24s. Dumoulin foi quinto na etapa, perdeu 37s para Froome mas não perdeu as hipóteses de vencer o seu segundo Giro de forma consecutiva. Pelo contrário, Tom Dumoulin mostrou fibra e sofrimento e tem no CRI de terça feira a oportunidade de recuperar a liderança da prova italiana.

O pódio da etapa foi fechado por Domenico Pozzovivo (Bahrain Merida Pro Cycling Team) que aproveitou o atraso de Thibaut Pinot (Groupama FDJ), um dos derrotados do dia, e trocou de posição com o francês na geral individual. Pozzovivo é terceiro a 1m37s de Simon Yates.

Quem também perdeu tempo que deverá ser suficiente para o impedir de lutar pelo pódio final foi Fabio Aru (Team UAE Emirates). Cai do top 10 e encontra-se em 13º a 5m33s da maglia rosa.

José Gonçalves alcançou o 33º lugar na sua estreia a subir o mítico Zoncolan e desceu dois lugares na geral encontrando-se neste momento no 22º posto.

Classificação da etapa: aqui

Classificação da geral individual: aqui

#giro101 #giro #giro2018 #giroditalia #zoncolan

Monte Zoncolan : O futebol e o ciclismo de mãos dadas !


Monte Zoncolan
 
Apesar de ser pouco reconhecido pelo público em geral, muitas vezes o futebol e o ciclismo, as duas modalidades desportivas mais populares do mundo, tem caminhado de mãos dadas.
É o caso do Monte Zoncolan. Uma subida relativamente recente na história do ciclismo, mas que já viu o seu nome entrar para o lote das ascensões míticas. A razão é simples: o Monte Zoncolan é das subidas mais difíceis do ciclismo profissional.
Localizado nos belíssimos Dolomitas, nos Alpes Cárnicos, integrado na região de Friuli e antes de conhecido para os adeptos da modalidade, o Monte Zoncolan e os seus 1730m de altitude não passavam de mais um pico. Uma fachada de pedra no seio de uma massa de calcário onde se vislumbram montanhas misteriosas e terríveis. Ao contrário dos Celtas, povo hospitaleiro, que ali se estabeleceram para mais tarde sucumbirem ao Império Romano, os montes ao redor de Friuli eram inóspitos. O clima a que estavam sujeitos e os declives acentuados faziam daquela região uma das menos agradáveis para habitar.
Se as condições eram difíceis para viver, também o seriam para pedalar. Os cicloturistas da região, aqueles mais ávidos das emoções das montanhas há muito que falavam do Monte Zoncolan. Mesmo sem o subir até ao cume, e em conversas de café, blogs e fóruns na internet, o Zoncolan já era considerada uma das subidas pavimentada mais difíceis de Itália. Para alguns o Zoncolan seria mesmo mais terrível que o monstro Mortirolo. Só que a fama do Zoncolan ainda era local. Era um segredo muito bem guardado.
Guidolin, apaixonado pelo futebol e ciclismo
 
Entre aqueles que defendiam esta última tese, estavam Francesco Guidolin. O italiano foi um mediano jogador profissional de futebol chegando a jogar na serie A italiana em clubes como o Veneza e o Hellas Verona. A sua carreira de jogador foi curta e Guidolin depressa se dedicou ao treino onde obteve mais sucesso. Ainda no ativo, mas atualmente sem clube, Francesco Guidolin treinou o seu último clube em 2016, o Swansea City AFC do País de Gales.
Mas voltamos ao que interessa. Em 1998 Guidolin treinava o Udinese Calcio, o clube da capital friuliana de Udine. Além da paixão pelo futebol, o “mister” tinha outro amor: o ciclismo. Francesco era um cicloturista entusiasta e ambicioso. Um colecionador de montanhas que agora morava no sítio certo para engrossar a sua lista de conquistas.  Num dia de Verão e sem treino de futebol previsto, Guidolin saiu para a estrada com um velho amigo local. A meio do passeio este segredou-lhe que estavam a poucos km da mais difícil subida que Guidolin iria consqusitar. Eram apenas 10km, mas com inclinações brutais. Chegaram ao topo do Monte Zoncolan e Francesco estava exausto confessando que nunca tinha visto algo assim. Para ele o Monte Zoncolan eram “as portas do inferno” para qualquer amante de ciclismo, profissional ou simples amador.
Entretido com a sua carreira de treinador Guidolin nunca mais falou do Zoncolan mas também nunca mais o esqueceu! Até que em 2002 a organização da Vuelta a Espanha anuncia “a mais difícil subida do mundo “: o Angliru ! Francesco ao ouvir esse anúncio sorriu. Ele tinha a solução para da prova italiana.  Afinal estávamos numa época onde as organizações de Vuelta e Giro disputavam a medalha de “subida mais difícil “.  O treinador de futebol movimentava-se com facilidade nos meios de comunicação italianos e depressa entrou em contacto com os seus amigos jornalistas Auro Bulbarelli e Davide Cassani e com o cronista da Gazzetta dello Sport Angelo Zomegnan. Todos pediram uma reunião urgente com Carmine Castellano, chefe do Giro.  Foi o treinador de futebol que apresentou ao diretor da prova italiana o “Kaiser” o Zoncolan:
“Olá Castellano, este é o Monte Zoncolan, e chuta o Angliru para canto “

Castelhano, sedento de responder ao desafio espanhol aceitou a sugestão e o Monte Zoncolan entrou para o percurso do Giro de Itália logo no ano seguinte. Mas para o diretor da prova havia um problema: o Monte Zoncolan era ingreme, é certo, mas não passava de um caminho de gado onde as condições de segurança poderiam estar em causa. Por um lado, ele tinha razão. Aquele “caminho de cabras” foi feito em 1939 por 400 homens. A obra durou 18 meses, mas se soubessem o que iria acontecer cinco anos depois, jamais teriam todo aquele esforço. A 2 de março de 1945 as tropas nazis chegaram a Ovaro através da estrada construída para o Monte Zoncolan. Na pequena localidade encontraram alguma resistência popular, mas 22 pessoas foram mortas.  
Gilberto Simoni , vencedor em 2003
Castellano queria subir ao Monte Zoncolan no Giro de 2003 mas dando-lhe uma versão menos trágica e segura. A opção foi subir desde Sutrio (13,5km a 8,9%). Gilberto Simoni foi o vencedor, o primeiro ciclista profissional a ganhar uma etapa no cimo do Monte Zoncolan. Mesmo utilizando um andamento baixo 39/27, o italiano classificou o último quilometro da subida como “o mais duro que subi em toda a minha vida “. Nesse ano, Mário Cipollini utilizou uma bicicleta com andamentos BTT mas ao chegar a meio da subida encostou e desistiu. No dia seguinte a imprensa italiana era unânime: o Monte Zoncolan cunpriu, era um monstro, era o “Angliru italiano” .
Mas Francesco Guidolin não estava contente. Se ele subiu ao “Kaiser” por Ovaro, porque não haveriam de subir também os profissionais? Porque não tornar o Monte Zoncolan “a verdadeira subida mais difícil do mundo “?  
Em 2005 Zomegnan, um dos jornalistas que ouviu o segredo de Guidolin, tornou-se diretor do Giro de Itália e prometeu ao treinador que iria fazer todos os possíveis para ser incluida na prova a subida pelo vertente mais difícil: a vertente de Ovaro com os seus 10km, 11,9% de média com rampas a ultrapassar os 22%. Meteu mãos ao trabalho, falou com o presidente da comunidade Enzo Cainero que se disponibilizou para fazer algumas reparações e em 2007 todos ouviram aquilo que desejavam. O Monte Zoncolan era o final da etapa 17 do Giro. Melhor, a sua ascensão seria por Ovaro. Fez-se “justiça” a Franscesco Guidolin mas também a todos os cicloturistas daquela região italiana que há muito reclamavam que a subida mais difícil do mundo estava à porta das suas casas!
Simoni em 1º e Piepoli em 2º , anos loucos na Saunier Duval
 Em 2007 Gilberto Simoni bisou, ganhando a alcunha de “senhor Zoncolan”. O italiano foi o vencedor das duas primeiras vezes que a subida fez parte do percurso da prova rainha do ciclismo italiano. Na escalada por Ovaro Simoni utilizou uma desmultiplicação de 34/27 e ao chegar ao cimo tem a melhor descrição possível do monstro italiano:
“a parte mais fácil desta subida é mais difícil que a parte mais difícil de qualquer subida do Tour de France “
Desde então o Monte Zoncolan foi conquistado em 2010 por Ivan Basso, em 2011 por Igor Anton, em 2014 por Michael Rogers e o ano passado por Chris Froome.
Ultimo vencedor no Monte Zoncolan, Froome , 2018

Claro que todos sabemos que o Zoncolan não será na realidade a subida mais difícil da Europa. É talvez para o ciclismo profissional e é de certeza absoluta a subida mais difícil que os ciclistas têm de enfrentar por terras italianas.
 
O anfiteatro natural do Monte Zoncolan
 
Desde Ovaro
Altitude : 1730m
Distancia: 10km
Desnível: 1230m
Média: 11,9%
Máxima: 22 %
 

A ascensão ao Monte Zoncolan irá fazer-se por Ovaro e são 10km a 12% de inclinação média com rampas constantes a superar os 20%. Uma das mais difíceis subidas da Europa. Um anfiteatro perfeito para um grande espetáculo em pers
Boas pedaladas
AT  
Não será fácil para ninguém. Afinal amanha teremos 5 contagens de montanha (três de 3ª cat , uma de 2ª cat e uma de 1ª cat) . A ascensão ao Monte Zoncolan irá fazer-se por Ovaro e são 10km a 12% de inclinação média com rampas constantes a superar os 20%. Uma das mais difíceis subidas da Europa. Um anfiteatro perfeito para um grande espetáculo em pe
A ascensão ao Monte Zoncolan irá fazer-se por Ovaro e são 10km a 12% de inclinação média com rampas constantes a superar os 20%. Uma das mais difíceis subidas da Europa. Um anfiteatro perfeito para um grande e
Não será fácil para ninguém. Afinal amanha teremos 5 contagens de montanha (três de 3ª cat , uma de 2ª cat e uma de 1ª cat) . A ascensão ao Monte Zoncolan irá fazer-se por Ovaro e são 10km a 12% de inclinação média com rampas constantes a superar os 20%. Uma das mais difíceis subidas da Europa. Um anfiteatro perfeito para um grande espetácul

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Um ....dois...três , ganhou a Bota Botilde ! Não afinal ganhou Elia Viviani

Hattrick para o italiano da Quick-Step Floors

Hattrick para Elia Viviani nesta edição do Giro.
E pouco mais há a dizer da jornada 13. As palavras ficam guardadas para a etapa rainha de amanhã que acabará no Monte Zoncolan.

 Hoje ficamos apenas com a beleza das fotos!









 

Fonte: Giro D’ Itália

Fonte: Cor Vos

#giro101 #giro #giro2018 #giroditalia

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Em Imola Sam Bennett foi um F1 !



Sam Bennet ganhou a etapa 12 em Imola
No circuito de Imola o Sam Bennett (Bora Hansgrohe) meteu a sexta e venceu de forma clara, categórica e magistral a 12ª etapa do Giro de Itália. Bennett parecia um formula 1 e destacou-se do pelotão a 500m da meta vencendo de forma folgada. Nem sequer podemos falar em sprint tal a supremacia e avanço do irlandês. Bennett beneficiou do atraso de Elia Viviani (Quick-Step Floors ), venceu a etapa e roubou a camisola por pontos, “ maglia  ciclamino “, ao italiano.

 
As condições meteorológicas marcaram a etapa chegando a dividir o pelotão em dois. Homens importantes ficaram atrasados: Pozzovivo, Carapaz , Angel Lopez e os candidatos à etapa Viviani e Bennett. A junção fez-se antes da única dificuldade do dia onde saíram com êxito para a frente da corrida Diego Ulissi , Carlos Betancur e Mohoric .Apanhados já no circuito automobilístico de Imola, Sam Bennett incorporou o espirito do local e acelerou para a sua segunda vitoria neste Giro de Itália.  Danny van Poppel ( Lotto-Jumbo) foi segundo e Niccolo Bonifazio ( Bahrain Mérida ) termina no terceiro posto.
Bennett iguala Simon Yates e Elia Viviani com duas vitorias nesta 101ª edição da volta ao pais em forma de bota.
 
Partida da etapa 12 na bonita Osimo
Na geral individual tudo igual.

Classificação da etapa aqui

Classificação geral individual: aqui

#giro101 #giro #giro2018 #giroditalia

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Simon Yates ganhou em Sienna ! Perdão em Osimo


Simon Yates vence a 11ª etapa em Osimo
Simon Yates (Mitchelton Scott ) venceu a sua segunda etapa no Giro Itália em Osimo e alarga a sua vantagem para 47s face a Tom Dumoulin (Team Sunweb).
Yates foi o mais forte numa chegada onde os km finais lembram a Strade Bianche. Ambas terminam numa cidade bem bonita: Osimo e Sienna. Ambas tem as sua “vias “de entrada na zona histórica como principal dificuldade: hoje a Via Olimpia e em Sienna a Via Santa Catarina. E hoje soubemos que ambas são sinónimo de espetáculo. Um grande final onde Yates e Dumoulin assumiram os lugares que ocupam na geral individual. Até à 11ª etapa são os principais candidatos à vitoria final.
Grande final em Osimo
 
Davide Formolo (Bora Hansgrhoe) fecha o pódio.
Christopher Froome (Team Sky) perde 40s e baixa a 12º lugar da geral a 3m20s do britânico da equipa australiana.
José Gonçalves fecha a jornada em 19º e mantem a 20ª posição na luta pela maglia rosa.
Classificação da etapa aqui
Classificação geral aqui
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terça-feira, 15 de maio de 2018

A etapa 10 do Giro de Itália: os 239 km onde Chaves muda de planos.

Matej Mohoric ganhou a etapa 10 do Giro de Itália 2018
Matej Mohoric da Bahrain Mérida Pro Cycling Team venceu a etapa mais longa da edição 101 do Giro de Itália. Uma jornada que se esperava calma, mas que foi bastante movimentada ao longo dos mais de 230km que ligaram Penne a Gualdo Tadinno. O jovem esloveno e o alemão Nico Denz da AG2R La Mondiale destacaram-se do reduzido pelotão e discutiram entre eles a vitória da etapa. Mohoric fez valer o estatuto de mais forte e conseguiu a sua 2ª vitória em provas de 3 semana. Já tinha ganho isolado a etapa que terminou em Cuenca na Vuelta 2017. Ambos chegaram com uma vantagem de 36s do pelotão comandado por Sam Bennett que alcançou o seu terceiro(3º lugar) na competição italiana!!
 
Mas não foram as movimentações na parte da frente da corrida que marcaram esta etapa. O líder da montanha e 2º classificado da geral Esteban Chaves (Mitchelton Scott) ficou afastado por completo da luta pela maglia rosa. O colombiano depressa se atrasou e a vantagem foi subindo ao longo da etapa. Chaves terminou a etapa com mais de 25 minutos de atraso e tem agora como grande missão auxiliar o líder Simon Yates. Tal como em muitas outras ocasiões, o dia depois do descanso foi traiçoeiro para uma das figuras da competição. Se a Mitchelton Scott perde um dos líderes para a luta pela geral, também é verdade que Yates ganha um gregário de luxo capaz de desfazer qualquer pelotão quando o britânico necessitar de partir a corda dos principais adversários. Por vezes “há males que vem por bem “. Veremos se o provérbio popular se aplica à equipa australiana.
Esteban Chaves o grande derrotado do dia
 
Na geral individual, Simon Yates bonificou num sprint intermédio e assim alargou a sua vantagem para o 2 classificado da geral, Tom Dumoulin (Team Sunweb). São agora 41 segundos que seguram a maglia rosa de Simon Yates.
 
José Gonçalves chegou integrado no pelotão principal, terminando a jornada na 10º posição. É agora o 20º classificado da geral individual.
Top 10 da geral individual