segunda-feira, 1 de julho de 2019

GUIA TOUR DE FRANCE 2019


 
A 106ª edição do Tour de France começa já no próximo dia 6 de julho e só terminará a 28 do mesmo mês e depois de percorridas as tradicionais 21 etapas e 3460km.

Esta edição é marcada pelas comemorações dos 100 anos da “camisola amarela” símbolo intemporal com a respetiva homenagem ao maior ciclista de todos os tempos que tão bem a representou:  Eddy Merckx. A edição de 2019 servirá também para celebrar os 50 anos da primeira das cinco camisolas amarelas conquistadas pelo "Canibal "

A Grande Depart será por isso na capital da Europa: Bruxelas A cidade belga recebe mesmo as duas primeiras etapas: etapa inaugural de 190km e no segundo dia um contrarrelógio por equipas na extensão de 28km.

Primeira chegada em alto ao sexto dia de competição em La Planche de Belles Filles com um final inédito numa rampa com cerca de 24% de inclinação.  Fabio Aru ganhou em 2017 no mesmo local mas numa altitude um pouco inferior.

Em 2019 os Pirinéus aparecem antes dos Alpes. São 4 etapa pirenaicas que incluem um CRI de 27km em redor de Pau e um final no mítico Col du Tourmalet onde ganhou Andy Shcleck em 2010.

As chegadas aos Alpes trazem etapas de altíssima dificuldade. A etapa 18 tem passagem pelo Col de Vars, Col du Izoard e o Col du Galibier. São 3 montanhas que ultrapassam os 2000m de altitude. A chegada é em descida e a meta instalada em Valloire. Mas o “souvenir Henri Desgrange “está reservado para o Col d’ Iseran e os seus 2764m acima do nível do mair O Col d´Iseran é a estrada pavimentada mais alta dos Alpes.

Não há muitas novidades no percurso e na organização! Destacam-se as seguintes: bonificação de 8s, 5s e 2s em algumas subidas categorizadas; apenas 27km em CRI em 3460km de total e os regressos do Col Iseran e o final em Val Thorens onde apenas em 1994 a estância de ski fez parte do percurso.

De notar a continuação da aposta de etapas curtas e explosivas: a etapa que termina no Tourmalet tem apenas 117,5km. As duas últimas etapas de montanha também não têm muito mais. No dia em que o pelotão ultrapassa o Col de L’Iseran para terminar em Tignes serão pedalados apenas 126,5km e no dia seguinte são 130km entre Alberteville e Val Thorens.

O Tour de France precisa de mudar com muita urgência. É a prova ciclística mais importante do mundo e nos últimos anos tem perdido algum do seu esplendor para os rivais Giro e Vuelta. A razão: o espetáculo. Sejamos honestos! As últimas edições da Grande Boucle tem sido “uma seca “. O ano passado melhorou, mas mesmo assim muito longe dos espetáculos proporcionados em Itália e em Espanha.   Etapas monótonas, vencedores previsíveis e algumas polémicas que nada beneficiam a prova número 1 do calendário velocipédico. O Tour de France não pode renunciar a sua essência, os Alpes e os Pirenéus têm de marcar presença, o Tourmalet tem de ser conquistado, mas a ASO tem obrigatoriamente de fazer alguma coisa para renovar e manter a prova com o dorsal 1 das grandes competições de 3 semanas.  A fasquia para o Tour 2019 está bastante alta, estará a ASO à altura das exigências? O que nós conhecemos hoje é o percurso e as características das etapas e nesse ponto de vista não parece haver grandes motivos para festejar, nem as expectativas parecem ser muito elevadas. Que os principais atores, o pelotão, surpreendam e que consigam dar aquilo que os adeptos querem: ESPETÁCULO!!!


Por falar em pelotão, ele é, tal como esperado, de luxo. Apesar disso são as ausências de Chris Froome e Tom Dumoulin o assunto mais falado. Já o ano passado a participação de Froome esteve em risco, mas por outros motivos bem conhecidos de todos. Este ano está mais que confirmado a ausência do tetra campeão do Tour de France. A queda no reconhecimento do Critérium du Dauphiné , com fratura de fémur , cotovelo e costelas, retirou-lhe a possibilidade de se juntar já este ano aos penta campeões : Anquectil, Merckx, Hinault e Indurain.
 
O PERCURSO
 

 



Serão 21 etapas num total de 3460km distribuídos da seguinte forma:
 
- 7 etapas planas;

- 5 etapas acidentadas “rompe pernas”.
- 7 etapas de montanha com 5 chegadas em alto: La Planche des Belles Files; Col du Tourmalet; Prat Albis; Tignes e Val Thorens.
- 1 contrarrelógio por equipas;
- 1 contrarrelógio individual.
Ver percurso completo aqui. Resumo das etapas:
 
1ªetapa: Bruxelas - Bruxelas, 192 km, plano
2ªetapa: Bruxelas - Bruxelas, CRE, 27,5 km
3ªetapa: Binche - Épernay, 215km, acidentado
4ªetapa: Reims - Nancy, 213,5km plano
5ªetapa: Saint-Dié-des-Vosges - Colmar,175,5km, acidentado
6ªetapa:   Mulhouse - La Planche des Belles Filles, 160km, montanha

7ªetapa: Belfort - Chalot-sur-Saône,  230km, plano
8ªetapa: Mâcon - Saint-Étienne, 200km, acidentado
9ªetapa: Saint-Étienne - Brioude,170,5km, acidentado
10ªetapa: Saint-Flour - Albi, 217,5km, plano

1ºdia de descanso

11ªetapa: Albi - Toulouse, 167km, plano
12ªetapa: Toulouse - Bagnères-de-Bigorre, 209,5km , montanha
13ªetapa: Pau - Pau, CRI, 27,2km
14ªetapa: Tarbes - Col du Tourmalet, 117,5km, montanha
15ªetapa: Limoux - Foix/Prat d'Albis, 185,5km, montanha

2ºdia de descanso

16ªetapa: Nîmes - Nîmes, 177km, plano
17ªetapa: Pont du Gard - Gap, 200km, acidentado
18ªetapa: Embrun - Valloire, 208km, montanha
19ªetapa: Saint-Jean-de-Maurienne - Tignes, 126,5 km,  montanha
20ªetapa: Albertville - Val Thorens, 130km ,montanha
21ªetapa: Rambouillet - Paris Champs Elysées, 128km , plano

 

ETAPA 1 - Bruxelas - Bruxelas, 192 km, plano, 6 julho 2019
 
A edição 106ª do Tour de France começa, em homenagem a Eddy Merckx, na cidade de Bruxelas. Será uma etapa de ida e volta à cidade capital da Europa. São 192km com passagens pelas estradas do Tour de Flandres e depois na região de Waterloo pelos caminhos da Fléche Barbançonne! Mas isto não significa, teoricamente, grandes dificuldades. Apenas existem 2 contagens de montanha e logo na parte inicial do dia. O famoso Kapelmuur em Geraardsbergen e os seus 1,2km a 7,8% são 3ª Cat e logo de seguida o Bosberg com 1km a 6,7% que é 4ª Cat.  A inclusão destes famosos muros no percurso da etapa 1 parece ser mais uma intenção de “ficar na fotografia” do que ter o objetivo de tornar o dia mais emotivo e competitivo. O final da etapa em Bruxelas deverá ser discutido ao sprint.
ETAPA 2 - Bruxelas (Palácio Real) – Bruxelas (Átomo), CRE, 27,6 km, 7 de julho 2019
Dia importante na definição do Tour de France. O contrarrelógio por equipas é a primeira “divisão” entre os principais candidatos. Uma equipa menos preparada pode em 27,6km perder entre 1m a 1m30s. O percurso é relativamente plano nas avenidas largas da capital belga, mas há algumas viragens apertadas. No entanto os últimos quilómetros na aproximação ao Atomium serão a 4-5% de inclinação. As equipas com os melhores “motores” e os blocos mais uniformes vão sair favorecidas.
 
ETAPA 3 - Binche – Épernay, 215km, acidentada, 8 julho 2019
A partida ainda é na Bélgica, mas a chegada já é em terreno francês. Uma longa etapa de 215km onde a primeira parte da corrida deverá ser tranquila. No entanto, os últimos 40km serão terríveis. Um “mini Tour de Flanders” num percurso muito exigente e que muito provavelmente irá tirar os sprinters da discussão final da etapa na bonita Avenue de Champagne. São quatro contagens de montanha categorizadas onde se destaca a Côte de Mutigny com apenas 900m mas com 12,5% de inclinação média. Está localizada a 15km da meta e pode ser o ponto chave para os “punchers” tomarem a corrida de assalto. No km final ainda teremos uns 500m a 8%.
Um bom dia para Julian Alaphilippe, Peter Sagan ou Avermaet.
ETAPA 4 - Reims - Nancy, 213,5km plano, 9 julho 2019
Outra vez uma etapa acima dos 200km mas ao contrário de ontem o terreno é praticamente todo plano. Apenas duas contagens de 4ª Cat. É um dia perfeito para os sprinters e as suas equipas deverão controlar a fuga do dia. Mas atenção, uma das contagens de montanha, a Côte de Maron com 3,2km de extensão a 5% de inclinação média, fica apenas a 15km da meta em Nancy onde a reta da meta tem uns generosos 1,5km.
 
ETAPA 5 - Saint-Dié-des-Vosges - Colmar,175,5km, acidentado, 10 julho 2019
É a primeira etapa com “montanha” do Tour de France. Quatro contagens, duas de 3ª Cat e duas de 2ª Cat . Amanhã é a primeira chegada em alto e por isso no dia de hoje a fuga pode ter sucesso. Uma coisa é quase certa! Não haverá sprint massivo e a etapa pode pender, além da fuga, para quem tenha liberdade de escapar na Côte des Trois-Épis (5km a 6,7% ) que fica 27km da meta instalada em Colmar.
ETAPA 6 - Mulhouse - La Planche des Belles Filles, 160km, montanha, 11 julho 2019.
 
 
Os Vosges recebem a primeira grande etapa de montanha do Tour de France e é também a primeira chegada em alto: La Planche des Belles Filles. Aqui já triunfaram Fábio Aru (2017), Vincenzo Nibali (2014) e Chris Froome (2012). A chegada de hoje tem a particularidade de ter mais 1km em piso bastante irregular e uma rampa final que chega aos 24% de inclinação. Mas antes de chegar a La Planche des Belles Filles a tarefa não é nada fácil. O pelotão terá pela frente 6 contagens de montanha onde se destaca Le Markstein 1ª Cat com 10,8km a 5,4% e o mítico Ballon d’ Alsace 1ª Cat (11km a 5,8%) onde em 1969 triunfou Eddy Merckx. Os últimos 23km serão marcados pela 2ª Cat Col de Chevréres com apenas 3,5km mas com média de inclinação de 9,5% e rampas a 18% seguida de descida de 7km e ascensão a La Planche des Belles Filles HC Cat (7km a 8,7%) . Será uma luta interessante entre os homens que querem ganhar a etapa e os grandes favoritos que logo de início quererão afirmar-se.
ETAPA 7 - Belfort - Chalot-sur-Saône, 230km, plano, 12 julho 2019
É a etapa mais longa do Tour de France 2019 e é uma jornada sem grandes dificuldades montanhosas. Depois do dia difícil de ontem veremos quem levará a melhor: se a fuga que se formará no Col de Ferrière , se as equipas dos sprinters que querem levar um pelotão compacto até à reta final instalada me Chalon-sur-Saône.
ETAPA 8 - Mâcon - Saint-Étienne, 200km, acidentado, 13 julho 2019.
Praticamente não há terreno plano nos 200km que ligarão Mâcon a Saint-Étienne. São mais de 4000m de acumulado num dia com 7 contagens de montanha categorizadas e outras tantas que bem poderiam ser. Um dia muito difícil, numa etapa que faz lembras os terrenos percorridas na região das Ardenas onde um grupo em fuga com elementos de qualidade pode conseguir disputar a vitória em Saint-Étienne.
ETAPA 9 - Saint-Étienne - Brioude,170,5km, acidentado, 14 julho 2019
É o “Dia da Bastilha, “ou seja, feriado nacional e dia da França. É uma questão de honra ser um francês a ganhar a etapa que termina na cidade que viu nascer Romain Bardet. Os 170km são acidentados e a jornada começa com um 1º Cat. O Mur Aurec-sur-Loire que tem apenas 3,2km, mas com inclinação média de 11%. Provavelmente será o local onde a fuga do dia vingará. O resto da etapa percorre a bonita região de Haute - Loire até que a 15km de Brioude teremos a Côte de Saint-Just , uma 3ªCat (3,6km a 7,2%) seguido de outro topo com boas inclinações para depois descer até à meta. Um lugar propicio a ataques e a reduzir o pelotão. Um bom dia para quem passa bem inclinações curtas e ingremes e que tenha força para sprintar em grupo reduzido. Boa oportunidade para os “puncheurs “!
ETAPA 10 - Saint-Flour - Albi, 217,5km, plano, 15 julho 2019
Uma etapa a ultrapassar os 200km que se apresenta mais plana que as duas anteriores. Os sprinters podem voltar a sair vencedores se as suas equipas conseguirem controlar a fuga do dia. Um dia onde as pernas dos ciclistas já só pensam no dia de descanso de amanhã.
ETAPA 11 - Albi - Toulouse, 167km, plano, 17 julho 2019
É o início da segunda semana de prova e com ela chegam os Pirenéus. O dia de hoje será relativamente fácil e o pelotão quando chegar a Toulouse já consegue ver a região pirenaica como pano de fundo. Muito provavelmente teremos uma chegado ao sprint onde os comboios das equipas com os homens rápidos serão fundamentais para a definição do vencedor da etapa 11.
ETAPA 12 - Toulouse - Bagnères-de-Bigorre, 209,5km, montanha, 18 julho 2019
 
O primeiro dia de montanha nos Pirenéus. Quem perdeu tempo nas etapas anteriores pode aqui ter a primeira oportunidade de recuperar. A etapa percorre o “tapete de musgo “: o Col de Peyresourde, uma 1ª Cat com 13,2km a 7% inclinação média. 30km depois a ultima subida do dia o Hourquette d´Ancizan : 1ª Cat com 9,9km e 7,5% de inclinação. Depois são 20km sempre em descida até Bagnères-de-Bigorre, uma cidade que já recebeu finais de etapas por 7 vezes.
No dia de hoje não é provável ataques de homens importantes na geral individual, a não ser, tal como dissemos que o objetivo seja recuperar tempo e minimizar perdas.
ETAPA 13 - Pau - Pau, CRI, 27,2km, 19 julho 2019
 
É dia muito importante para o Tour de France. É o único CRI do Tour de France e os especialistas querem impor a sua lei. São apenas 27km, duros na sua fase inicial e relativamente fáceis na sua parte final. Pelo meio a Côte d’ Esquillot com 1km a 7% de inclinação certamente apinhada de público. Atenção aos homens que lutam pela geral e que não de adaptam bem à luta individual contra o relógio que podem perder aqui entre 1m30s e 2m.
ETAPA 14 - Tarbes - Col du Tourmalet, 117,5km, montanha, 20 julho 2019

É a etapa rainha dos Pirenéus com chegada ao mítico Col du Tourmalet onde em 1957 o ciclista de Lordelo Ribeiro da Silva passou em primeiro lugar, sendo o único português a conseguir essa proeza. O dia de hoje apesar de curto, é a etapa com menos quilometragem da prova, é bastante difícil para o pelotão. Apenas duas contagens de montanha: o col du Soulor (1ª Cat , 11,9km a 7,8%) e o Col du Tourmalet que coincide com a meta ( HC Cat, 19km a 7,4%). É a montanha mais vezes ultrapassada na Grande Boucle (58) mas raramente foi final de etapa. Só aconteceu em 1974 com o vencedor a ser o francês Jean-Pierre Danguillaume e em 2010 quando Andy Schleck venceu à frente de Alberto Contador. É dia de puros trepadores e a luta será pela geral individual. No entanto, a etapa não deverá ser decisiva para o desfecho final do Tour de France.
ETAPA 15 - Limoux - Foix/Prat d'Albis, 185,5km, montanha, 21 julho 2019


Antes do segundo dia de descanso uma chegada inédita no Tour de France. Os 11,8Km a 6,9% de Prat d´Albis nunca foram conquistados na prova rainha. São cerca de 4700 de subida acumulada nos 185km da etapa. E as principais dificuldades estão todas guardadas para os últimos 75km com 3 contagens de 1ª Cat. A penúltima subida do dia é o Mur de Péguère uma 1ªCat de 9,3km a 7,9% de inclinação. A sua parte final é a mais dura e o pelotão deverá ficar partido (ou ainda mais reduzido) quando os ciclistas percorrerem os últimos km com rampas a ultrapassar os 18%. Segue-se uma descida de cerca de 20km bastante rolantes e estamos na ascensão final a Prat d´ Albis (1ª Cat, 11,8km a 6,9% ). Quem quiser esticar a corda e pôr em dificuldades os adversários deverá fazê-lo nos primeiros 4km onde as rampas ultrapassam os 2 dígitos.  As diferenças podem sair grandes e embora ainda faltam as 3 etapas alpinas,  quem sair de amarelo em Prat d´Albis dá uma cartada importante rumo à vitória final nos Campos Elísios em Paris
ETAPA 16 - Nîmes - Nîmes, 177km, plano, 23 julho 2019
Depois do dia de descanso uma etapa em circuito de ida e volta na cidade de Nîmes. Apenas uma contagem de montanha de 4ª Cat que não irá fazer grande mossa no pelotão que começa a preparar as etapas nos Alpes. É provável uma chegada ao sprint em pelotão compacto e onde além dos ciclistas as grandes atrações em Nîmes são as paisagens com os monumentos romanos como pano de fundo.
ETAPA 17 - Pont du Gard - Gap, 200km, acidentado, 24 julho 2019
O pelotão ruma aos Alpes. A partida é junto ao famoso aqueduto romano em Pont du Gard e o pelotão ruma em direção a Gap, cidade que já por diversas vezes recebeu finais de etapa do Tour de France e de boa memória para os portugueses: Sérgio Paulinho venceu em 2010 e Rui Costa em 2013.  A grande dificuldade do dia encontra-se apenas a 10km da meta. É o Col de la Sentinelle uma 3ª Cat com 5,2km a 5,4% de inclinação média onde os ataques deverão surgir na tentativa de reduzir o pelotão e o sprint ser em grupo reduzido. Um dia onde os “puncheurs” do Tour de France poderão aproveitar para saírem vitoriosos.
ETAPA 18 - Embrun - Valloire, 208km, montanha, 25 julho 2019
 
 
 
É a principal etapa alpina e talvez a etapa rainha deste Tour de France. Estes 208km tem 3 contagens de montanha acima dos 2000m de altitude: Col du Vars (1ª Cat , 9,3km, 7,5%) ; o Col d´Izoard ( HC Cat, 14,1 a 7,3%) e o Col du Galibier (HC Cat, 23km , 5,1%) . Três monstros que fazem parte da história da própria corrida e um terreno que vai distribuir ciclistas pela estrada. Um grande espetáculo em perspetiva e onde os candidatos à geral individual tem obrigatoriamente de atacar forte na luta pela camisola amarela. Poderá existir duas lutas nesta neste dia: pela etapa e pela camisola da liderança da corrida. Quem tiver a coragem de sair para a frente logo no Col d´Izoard, inspirando-se nas etapas míticas de Gino Bartali e Fausto Coppi, pode ganhar uma vantagem importante e alargá-la na ascensão ao Col du Galibier. Um monstro sagrado do Tour de France que este ano é conquistado pela vertente do Col de Laurent. Do cimo do Col du Galibier até à meta instalada na estância de ski de Valloire, perto do Col du Télégraphe, são 19km sempre em descida, mas a etapa não deve fugir a um puro trepador.
ETAPA 19 - Saint-Jean-de-Maurienne - Tignes, 126,5 km, montanha, 26 julho 2019


Uma etapa muito curta, mas muito difícil com passagem pelo Col d´Iseran que é a estrada pavimentada mais alta dos Alpes. Obviamente que será o local do prémio Henri Desgrange , que premeia o ciclista a passar no ponto mais alto da prova. O Col d´Iseran é uma HC Cat com 12,9km a 7,5% de inclinação. Está situado a 2770 metros de altitude e a 36km da meta. Pela altitude um dos fatores que poderão ser decisivos são as condições climatéricas, nomeadamente o frio e o vento. Mas há mais! Neste 126km o pelotão enfrenta ainda na sua fase inicial a Côte de Saint- Andre (3ª Cat , 3,1km a 6,8%) ; a Montée d’ Aussois (2ª Cat , 6,3km a 6,2%) e depois o Col de la Madeleine (3ª Cat , 3,9km a 5,8%). É, portanto, uma etapa sempre em subida até aos monstruoso Col d´Iseran. Segue-se uma descida de cerca de 29km até ao início da subida final para Tignes: uma 1ª Cat com 7,4km a 7% de inclinação onde a parte inicial é a mais dura e onde podem surgir os ataques vitoriosos.
ETAPA 20 - Albertville - Val Thorens, 130km, montanha, 27 julho 2019



A derradeira oportunidade para alterar a classificação geral do Tour de France. São apenas 130km mas com 4500m de subida acumulada. Por isso o dia começa logo em subida para o Cormet de Roselend (1ª Cat com 19,9km a 6%). A última subida do Tour de France 2019 é para Val Thorens. Apenas uma vez a Grande Boucle terminou nesta estação de ski. Foi em 1994 com a vitória do colombiano Nelson Rodriguez. Val Thorens é uma HC Cat onde a principal dificuldade é a sua extensão. Ao todo são 33,4km a 5,5% de inclinação média com alguns km’s em descida. A parte mais ingreme situa-se a 5km da meta com rampas a chegar aos 9%. Tudo ao ataque e em força! É a única estratégia de quem quer roubar a amarela ao líder da prova.
ETAPA 21 - Rambouillet - Paris Champs Elysées, 128km, plano, 28 julho 2019
É o dia de consagração para os vencedores. O tradicional passeio nos Campos Elísios. A despedida da edição 106 do Tour de France que irá terminar provavelmente ao sprint.
 
O PELOTÃO
São 22 equipas que irão estar na partida da 106ª edição do Tour de France. 176 ciclistas. Mantém-se a decisão de reduzir as equipas a 8 elementos. O pretexto é evitar o número de quedas, objetivo esse que, como sabemos, está longe de ser alcançado e muito dificilmente será atingido apenas com a redução do pelotão.  Além de todas as equipas WorldTour, a ASO, organizadora da competição, entregou o convite dourado a 4 equipas ProContinental. A escolha, como era de esperar e como tem sido hábito, recaiu quase na totalidade em equipas francesas: Team Total Direct Energie, Cofidis e Team-Arkéa Samsic. A belga Wanty-Groupe Gobert ficou com a última vaga disponível.
Há duas grandes ausências: Christopher Froome e Tom Dumoulin!
Quanto à participação de portugueses, temos Rui Costa da UAE- Team Emirates que depois de dois anos de ausência volta à corrida francesa, José Gonçalves pela Team Katusha Alpecin que fará a sua estreia na Grande Boucle e por fim Nelson Oliveira da Movistar Team que regressa ao Tour depois da sua última participação que aconteceu em 2016.
AG2R LA MONDIALE
A responsabilidade da equipa francesa é enorme e o culpado é Romain Bardet. É o seguinte: já lá vão 3 décadas deste a última vitória francesa no Tour de France e Romain Bardet foi um dos ciclistas que mais perto esteve de acabar com esse enguiço. 2º em 2016 e 3º em 2017, Bardet é o sonho de um povo. O percurso montanhoso da edição de 2019 parece favorecê-lo, rumores dizem que Vicent Lavenu, diretor desportivo da AG2R, telefonou a Christian Prudhomme a agradecer. Mas existem dois problemas: os dois contrarrelógios e o tempo que todos ciclistas da equipa francesa vão perder nesses dois dias de competição. Será Romain Bardet capaz de recuperar esse tempo perdido no terreno montanhoso? Ajuda de muita qualidade não lhe vai faltar. Pierre Latour, vencedor da camisola branca em 2018 ficou de fora, mas a AG2R tem no francês Mickael Cherel e no suíço Mathias Frank a guarda de honra de Bardet. Quando o terreno for plano, Olivier Naesen e Alexis Gougeard assumirão esse papel. Apesar desse trabalho, Naesen não vai perder de vista a oportunidade de tentar a sua sorte nas etapas acidentadas da primeira semana. Nessa primeira semana Alexis Vuillermoz é tambem um dos homens a ter em conta para “caçar etapas” e quando o terreno empinar mais tarde pode ser também uma boa ajuda para o objetivo maior da equipa: levar Bardet ao lugar mais alto do pódio.  Tony Gallopin provavelmente terá via verde para alcançar vitórias onde as dificuldades de terreno se farão sentir e onde as fugas possam vingar. O mesmo para o elemento mais jovem da equipa: o francês Benoît Cosnefroy que conta com duas vitórias precisamente em fugas vencedoras.
ASTANA PRO TEAM
A equipa vinda do Cazaquistão é uma das grandes vencedoras da temporada. Ao todo já soma 28 vitórias em 2019. Já ganhou provas por etapas e Monumentos, com destaque para Jakob Fuglsang que venceu recentemente o Critérium du Dauphiné e a Liége-Bastogne-Liége. Dos 8 ciclistas que irão partir dia 6 julho de Bruxelas apenas 1 não sabe o que é vencer em 2019: Omar Fraile. Mesmo Dmitry Gruzdev foi campeão asiático de CR por equipa. A liderança está obviamente a cargo de Jakob Fuglsang que está provavelmente no seu melhor ano como ciclista de elite. O dinamarquês tem apresentado excelentes resultados e procura em 2019 obter bastante melhor que o 7º lugar de 2013 que é o seu melhor registo no Tour de France. Para ajudar Fuglsang a equipa cazaque tem na estreia de Pello Bilbao uma das principais referências quando o terreno começar a inclinar. A outra é obviamente o experiente Gorka Izaguirre. Dmitriy Fofonov tem outras alternativas para obter sucesso. Luis Leon Shanchez e Omar Fraile são dos melhores caçadores de etapas e não vão desperdiçar uma desatenção do pelotão.  Magnus Cort Nielsen pode ser uma boa solução para as etapas que irão terminar em sprint num grupo mais reduzido e seletivo.
BAHRAIN – MERIDA
Os árabes da Bahrain-Merida aparecem no Tour de France com uma formação bastante equilibrada e com homens em bom momento de forma. O líder é incontestável e é Vincenzo Nibali.  O tubarão de Messina, que vai para o seu oitavo Tour, vem de um bom 2º lugar no Giro de Itália e pode surpreender em França. Com as ausências de Froome e Dumoulin, as hipóteses de Nibali sobem consideravelmente que tem em Damiano Caruso, Dylan Teuns e Jan Tratnik os seus melhores aliados para as difíceis etapas de montanha. Teuns, juntamente com Matej Mohoric e Ivan Cortina são as apostas para as etapas acidentadas, Rohan Dennis é o principal candidato a vencer o CRI e vem de um excelente Tour de Suisse onde até mostrou cartas a subir.  O italiano Sonny Colbrelli tem a difícil tarefa de se intrometer na luta pelas chegadas em sprint.
 
BORA – HANSGROHE
Peter Sagan, Peter Sagan, Peter Sagan e Peter Sagan! Não há muito mais a dizer sobre a formação alemã da Bora-Hansgrohe. O grande objetivo da equipa dirigida por Ralph Denk passa pelo tricampeão do mundo conquistar a camisola verde pela sétima vez e assim desempatar com o alemão Erik Zabel. Sagan tem uma primeira semana de prova com etapas para o seu perfil e pode inverter a tendência negativa da presente época. O Tour de Suisse pode ter sido o ponto de viragem e o prenuncio de um grande Tour de France para o eslovaco. Ele merece. Para o ajudar teremos os seus melhores escudeiros. Daniel Oss e Marcus Burghardt são duas locomotivas que podem abrir o caminho para Peter Sagan triunfar. É difícil indicar um elemento da Bora-Hansgrohe que seja apontado à geral individual. Talvez Patrick Konrad ou Emanuel Buchamann podem entrar na luta pelo top 10. Konrad pode ser também uma boa aposta para a camisola de líder da montanha.
CCC TEAM
Os polacos da CCC Team, comandados por Fabio Baldato, aparecem no Tour 2019 com um único objetivo. Ganhar etapas! A época não está a ser famosa para Greg van Avermaet, mas o belga terá uma primeira semana de competição com muitas etapas onde pode ser um dos candidatos a vencer. Sem conseguir mostrar as qualidades que evidenciou na antiga estrutura da equipa ( BMC) Avermaet pode sair entusiasmado para os 21 dias de competição uma vez que a “ Grande Départ” vai acontecer no seu pais natal : Bélgica. Greg van Avermaet, pode até lutar pela conquista da camisola verde. Se Avermaet é a aposta para a primeira semana, no resto do Tour de France as apostas da CCC Team poderão ser Serge Pauwels e Simon Geschke. Homens de qualidade e que podem entrar na luta por etapas integrando fugas vitoriosas. Geschke já conhece o sabor da vitória e vamos vê-lo algumas vezes na frente da corrida. Quem deverá também passar pela frente na tentativa de chegar isolado à meta é o baroudeur Alessandro de Marchi. O italiano é um dos “aventureiros “de elite do pelotão internacional e pode ser uma peça importante no grande objetivo da equipa polaca: “caçar etapas”.
 
COFIDIS, SOLUTIONS CREDITS
Há 11 anos que a equipa não ganha uma etapa no Tour de France. Ainda Sylvain Chavanel corria com as cores da Cofidis. Por isso para o seu diretor desportivo, o francês Cedric Vasseur o objetivo é claro: vencer uma etapa!  O espanhol Jesus Herrada está em excelente forma. Venceu o Tour do Luxemburgo e sobretudo fica na memória a forma como venceu no Mont Ventoux Challange , resistindo aos ataques de  Romain Bardet para depois deixar o francês colado ao alcatrão no último quilometro. Herrada é um elemento a ter em conta para na terceira semana de corrida. Depois de perder minutos importantes na geral individual pode tentar a vitória numa etapa alpina. O mesmo se passará com o sprinter da equipa Christophe Laporte. Não é um sprinter de elite, mas é um homem que passa relativamente bem as montanhas de média dificuldade e tem uma excelente ponta final. As poucas oportunidades da segunda e terceira semana podem ser aproveitadas por Laporte. Depois teremos uma equipa Cofidis que irá estar presente em muitas fugas. Os baroudeurs Nicolas Edet, Jesper Hansen e também o trepador Darwin Atapuma apresentam-se no dia 6 em Bruxelas com essa responsabilidade.
 
DECEUNINCK - QUICK-STEP
A Wolfpack chega ao Tour de France com umas espetaculares 41 vitórias. A formação dirigida por Wilfried Peeters tem no francês Julian Alaphilippe a sua principal figura. O seu ano está a ser de luxo. Venceu a Strade Bianche e a Milano SanRemo. Depois apontou baterias para as Ardenas e conquistou a Fléche Wallonne e finalmente no Critérium do Dauphiné venceu uma etapa e conquistou a camisola de rei da montanha. Essa mesma camisola que venceu de forma brilhante no Tour 2018. Alaphilippe vai ser uma das figuras do Tour 2019 e é muito provável que chegue a Paris com vitórias em etapas! As jornadas em terreno acidentado parecem feitas à sua medida. Será que vai repetir o ano de 2018 e vencer duas etapas? O 2º classificado da Vuelta 2018 deverá ser o homem apontado à classificação geral individual. Enric Mas faz a sua estreia no Tour de France, prova que ambiciona ganhar. Em 2019 será quase impossível, mas há uma classificação que Mas pode lutar para vencer. Os seus 24 anos fazem dele o principal adversário de Egan Bernal na luta para conquistar a camisola branca da juventude. O campeão italiano, Elia Viviani, é outro forte candidato a levar umas etapas quando o dia terminar em pelotão compacto e ao sprint. Viviani não brilhou na prova rainha do seu país. No Giro fez três 2º lugares e agora no Tour deverá tentar mostrar que é um dos homens mais rápidos do pelotão. Ele que nunca venceu na maior prova por etapas.  As suas duas vitorias no Tour de Suisse trazem boas indicações. Elia Viviani vem com o seu melhor lançador. O argentino Maximilliano Richeze. Markov também será um elemento que irá fazer parte do comboio do italiano. Yves Lampaert, Kasper Asgreen e o experiente Dries Devenyns são ciclistas de elevada performance e podem lutar por etapas onde a fuga tenha sucesso ou mesmo naqueles dias de “rompe pernas “onde os “puncheurs” serão os favoritos.
EF EDUCATION FIRST

O diretor desportivo da EF Education First disse recentemente que a equipa americana parte para o Tour 2019 sem hierarquia estabelecida. Nós não acreditamos. Rigoberto Uran irá ser o líder com a guarda de honra de Tejay van Garderen e de Tanel Kangert. Claro que ocorrências durante os 21 dias de competição podem alterar a estratégia de Charly Wegellius, mas no plano teórico e à partida para a edição 106 do Tour de France esta é a tática correta para a EF Education First. Uran competiu pouco até ao Tour podendo estar a “esconder “ o jogo num Tour onde o terreno montanhoso, o CRI ondulante e as ausências de Froome e Dumoulin podem favorecer o colombiano para , quem sabe, melhorar o 2º lugar de 2017. Alberto Bettiol que venceu de forma surpreendente o Tour de Flanders é o responsável por trazer bons resultados nas etapas com características idênticas às estradas daquela região da Belgica mas corridas em França. A etapa 1, 100% belga, parece ser demasiado plana para os planos de Bettiol. Michael Woods é um misto de puncheur com trepador e será a seta da EF para vencer alguma etapa mais acidentada.
GROUPAMA – FDJ
O desejo da Groupama – FDJ é o desejo de um país inteiro que adora ciclismo. Um francês a vencer a Volta a França e isso não acontece desde Bernard Hinault em 1985. A aposta da equipa francesa para acabar com essa “malapata” é Thibaut Pinot. Mas Pinot tem no 3º lugar de 2014 a sua melhor prestação na Grande Boucle e nem sequer foi o melhor francês dessa edição. Das 6 participações na prova rainha o francês tem 3 desistências, situação que não abona muito a seu favor. Vencedor do Tour de l’ Ain e Tour Cycliste International du Haut Var, Pinot não tem nenhuma vitória em provas World Tour no ano 2019. Bastava uma para ser herói nacional: o Tour de France. A tarefa está muito perto de ser impossível e a equipa que irá acompanhar Pinot fica muito longe da categoria dos seus principais adversários. Rudy Molard que fez sétimo no Paris-Nice e Sébastien Reichenbach que o melhor que fez no Tour foi um 4º lugar numa etapa no ano em que fez 14º na geral individual serão os homens a acompanhar Thibaut Pinot nas etapas de montanha. Carta branca terá David Gaudu. O jovem francês seria um dos principais candidatos a vencer a camisola branca de melhor jovem depois do 4º lugar de 2018 se não fosse competir com Bernal e Mas. Ele que ganhou essa competição no Tour Romandie , UAE Tour e Tour de la Provence já este ano. Gaudu é uma das maiores esperanças do ciclismo francês e é provável que seja uma das boas figuras do Tour 2019. O suíço Stefan Kung é especialista em CR e será um dos candidatos a vencer o CRI em Pau e uma peça fundamental para o CR por equipas logo ao segundo dia de competição.
LOTTO – SOUDAL
Não há um líder assumido na equipa belga. No entanto, a Lotto Soudal traz uma equipa bastante equilibrada para o Tour. Tim Wellens pode ser o homem escolhido para as etapas mais acidentadas e onde o pelotão vai partir e a vitória discutida num grupo pequeno. Wellens não tem tido uma época fantástica. Passou a temporada das clássicas sem resultados relevantes e as suas únicas vitórias em 2019 são no início do ano em Espanha e agora recentemente no CRI do Baloise Tour. Os seus resultados na prova francesa são para esquecer. Duas participações, uma desistência, um 129º lugar na geral e um 11º numa etapa. O ano 2019 pode ser o ano em que Tim Wellens mostre aquilo que vale na principal prova ciclística do ano. Talvez para a geral a formação da Lotto-Soudal aposte em Tiesj Benoot. Um excelente 4º lugar no Tour de Suisse , com muita montanha , pode ser um bom prenúncio para o Benoot  que tem no 20º lugar de 2017 a sua melhor prestação no Tour.  Outras das figuras é Caleb Ewan. O australiano ficou de fora do Tour 2018 injustamente e tem agora em 2019 a oportunidade de se estrear e escrever o seu nome no lote de homens que venceram etapas. Há uma forte probabilidade de isso acontecer apesar da enorme concorrência. Ewan leva 6 vitórias este ano, já ganhou no Giro e na Vuelta e é sua ambição vencer também no Tour. E já agora terminar, pois dos quatros Grandes Tours que fez nunca chegou à etapa final. Depois temos o eterno romântico Thomas de Gendt. No Tour já ganhou no Mont Ventoux e este ano pode ser a cartada para a camisola às bolinhas vermelhas porque, ao contrário do que fez no Giro, Thomas de Gendt irá para a frente da corrida sempre que consiga. Ainda temos Maxime Monfort. O francês não ganha nada desde 2010, mas tem experiência suficiente para integrar uma fuga vitoriosa e dar uma etapa à Lotto-Soudal.
MOVISTAR TEAM
Ou tudo ou nada. É assim que a equipa de Eusébio Unzué tem de encarar a corrida. Ou Nairo Quintana ganha este ano ou …dificilmente ganhará a maior prova velocipédica. Quando Quintana em 2013 foi 2º atrás de Chris Froome, ganhando a camisola da montanha e também a camisola da juventude, todos os adeptos tinham uma certeza. Nairo iria ganhar em breve um Tour de France tornando-se no primeiro colombiano a conseguir essa proeza. A verdade é que os anos passaram e o colombiano nunca mais melhorou o resultado de 2013 e ano após ano a descrença em Quintana tem aumentado a um ritmo elevado. O percurso deste ano parece favorecer o trepador da Movistar Team. Os dois contrarrelógios, por equipas e individual, podem ser novamente o calcanhar de Aquiles nas pretensões de chegar a Paris vestido de amarelo. A sua forma é neste momento uma incógnita. Apenas uma vitoria e logo no início do ano na volta ao seu país natal. Ou Nairo Quintana já não tem as pernas que tinha quando era o melhor trepador do pelotão internacional ou então a sua época e o seu pico de forma estarão definidos e bem apontados para as 3 semanas de competição do Tour de France. Para o ajudar Eusébio Unzué traz uma equipa de muita qualidade a subir. O que tem falhado nas últimas edições do Tour para a equipa espanhola pode em 2019 resultar: a tática. As opções são muitas quando se tem homens como Andrey Amador, Marc Soler ou Carlos Verona. Para não falar dos planos B que são o campeão do mundo Alejandro Valverde que recentemente venceu a La Route d'Occitanie e os campeonatos nacionais espanhois e também Mikel Landa que tal como Quintana, talvez até mais, prometeu muito e até agora o melhor resultado que alcançou em grandes voltas foi um 3º lugar no Giro de 2015. Para proteger os líderes no terreno plano e ajudar no contrarrelógio por equipa a Movistar Team leva ao Tour dois especialistas: Imanol Erviti é um excelente rolador e Nelson Oliveira um contrarrelogista de excelência. Serão muitos líderes para uma equipa apenas? Saberá desta vez Eusébio Unzué lidar com tantos egos numa formação que muitas vezes não conseguiu colocar o interesse coletivo à frente do interesse individual? A estrada vai encarregar-se de responder a estas perguntas.
MITCHELTON – SCOTT
Os australianos trazem para o Tour dois ciclistas iguais. Pode ser uma grande vantagem. Quando os adversários pensarem que estão a ver Simon pode estar na presença de Adam. Quando acham que é Adam que está a atacar pode ser Simon que esteja a tentar fugir. Os gémeos britânicos Yates vão ser as duas grandes figuras da equipa que tem como diretor desportivo Matt White. Talvez a liderança da equipa seja assegurada por Adam Yates com o seu irmão e Jack Haig os seus principais aliados. O britânico já assumiu a intenção de melhor o seu 4º lugar de 2016 onde também venceu a camisola branca da juventude. Matteo Trentin nas etapas ao sprint ou mesmo nos dias com finais mais complicados e acidentados tem potencial para discutir a vitória. Darly Impey pode ser o homem escolhido para entrar em fugas e em chegadas com poucos elementos a sua boa ponta final pode ser sinonimo de sucesso. Luke Durbridge e Michael Hepburn são especialistas na luta individual contra o relógio e são dois dos principais candidatos a vencer o CRI em Pau. A força dos australianos fazem da Mitchelton-Scott uma das equipas mais fortes para o contrarrelógio por equipas logo ao segundo dia de competição.
 
TEAM ARKEA – SAMSIC
Dois grandes objetivos para os comandados por Yvon Ledanois: etapas de montanha com Warren Barguil e etapas em sprint com o André Greipel. Há, no entanto, dois problemas. Greipel já não tem a força de outros tempos e a concorrência é muita e de elevada qualidade e Warren Barguil, nunca mais conseguiu repetir as exibições espetaculares do Tour 2017, principalmente a sua vitória no Col d´Izoard, um verdadeiro hino ao ciclismo romântico. Vencedor de melhor trepador nessa edição de 2017, Barguil se estiver em boa forma é candidato ao Top 10 e também a discutir a classificação da camisola branca às bolinhas vermelhas. Bom sinal pode ser a sua vitória nos campeonatos nacional franceses.
TEAM DIMENSION DATA
A equipa sul africana tem apenas 5 vitórias em 2019 e só dois ciclistas venceram esta época: Edvald Boasson Hagen e Giacomo Nizzolo. Apenas o norueguês estará presente no Tour de France 2019. Mas não é Boasson Hagen a principal figura da equipa comandada por Rolf Aldag. Um ciclista que tem 30 etapas na Grande Boucle é obrigatoriamente a grande referência. Falamos de Mark Cavendish! Mas os últimos tempos para o sprinter nascido na ilha de Man não têm sido famosos. Consequências de um vírus Epstein-Barr (doença do beijinho) tem arredado Cavendish dos triunfos. Este ano o melhor registo que tem é o 3º lugar numa etapa na Volta à Turquia e em 2018 apenas 1 vitória no Tour do Dubai. Longe vão os tempos em que Cavendish ganhava 4 etapas no Tour de France. Não é longe temporalmente, até porque isso aconteceu em 2016, é longe no pensamento e crença de qualquer adepto da modalidade. Só um Mark Cavendish completamente transfigurado consegue competir e levar de vencido homens como Groenewegen , Elia Viviani, Ewan ou mesmo Peter Sagan. Estar apenas a 4 vitórias de um recorde que parecia impossível ( Eddy Merckx tem 34 etapas no Tour ) pode ser a principal motivação para o sprinter britânico. Para a geral individual a Team Dimension Data apresenta Louis Meintjes que já levou dois 8º lugares para casa. É certo que o sul africano nunca conseguiu dar continuidade às expectativas criadas com os dois Top 10, mas aparenta ser o único ciclista capaz de lutar por um lugar honroso na geral individual. Roman Kreuziger que já fez 5º lugar parece não ter capacidade para acompanhar os melhores do pelotão no terreno inclinado. No entanto, a qualidade continua lá.  Perder algum tempo na segunda semana pode ser sinónimo de liberdade para atacar uma etapa Alpina. Boasson Hagen, se Cavendish falhar na altura de sprintar, pode ser o plano B para atacar as chegadas rápidas em pelotão.

Nota: Mark Cavendish falha Tour de France. Giocomo Nizzolo assume o papel de líder da Team Dimension Data nas etapas a terminar em sprint .
TEAM JUMBO – VISMA
Os holandeses da Team Jumbo-Visma apresentam-se nesta edição do Tour de France com 25 vitórias em 2019 e com dois grandes objetivos. Por um lado, vencer etapas com um super Dylan Groenewegen que este ano já conta com 5 vitórias, por outro terá em Steven Kruijswijk o homem apontado à geral individual. Em 2018 Kruijswijk alcançou o seu melhor resultado ficando na 5ª posição, ele que nunca venceu uma etapa numa grande volta. George Bennett será o plano B da equipa para as etapas montanhosas. Mas ainda há mais argumentos na equipa de Jan Boven. A estrela belga Wout van Aert que se vai estrear em provas por etapas de 3 semanas. A qualidade de Aert já não é novidade para ninguém, por isso o tricampeão do mundo de cyclocross não terá vida fácil. Wout van Aert tem nas etapas acidentadas e “rompe pernas” boas oportunidades para se afirmar como uma das grandes figuras do pelotão internacional, ele que chega ao Tour de France com duas vitórias no Critérium du Dauphiné e com uma série de bons resultados nas clássicas da primavera. Tony Martin será a “velhinha “locomotiva da Team Jumbo-Visma e terá um papel muito importante sobretudo no CR por equipas onde a equipa holandesa é uma das mais fortes candidatas a vencer.
 
TEAM KATUSHA ALPECIN
Os homens de José Azevedo não tem tido uma época famosa. Conta apenas com 3 vitórias em etapas e uma das suas principais figuras, o sprinter Marcel Kittel, foi uma perfeita desilusão. Uma desilusão ao ponto colocar a sua carreira em stand by. Neste Tour de France Team Katusha Alpecin apresenta-se na partida em Bruxelas com o russo Ilnur Zakarin como líder e o homem para a geral. O russo vem de um Giro de Itália onde venceu uma etapa e fez 10º lugar. As suas pernas são por isso uma incógnita e o nível de desgaste de 3 semanas de competição em Itália podem ter consequências no Tour de France. Repetir o seu 9º lugar do ano passado será um bom resultado. Jens Debusschere terá a difícil tarefa de entrar na luta de etapas que terminam em sprint tendo a ajuda do alemão Rick Zabel e do austríaco Marco Haller. Nils Pollits e José Gonçalves são boas opções para entrar em fugas. Iremos ver algumas vezes o português na frente da corrida. Ganhar uma etapa seria um sonho para José Gonçalves, ele que se estreia na maior prova velocipédica do mundo com o titulo de campeão nacional de contrarrelógio.
TEAM INEOS
Os britânicos, da agora Team Ineos, chegam ao Tour de France com uma enorme baixa. É a grande ausência da competição. Chris Froome caiu a fazer o reconhecimento do CRI do Critérium du Dauphiné, tem múltiplas fraturas e assim perde mais uma oportunidade de conquistar o seu quinto Tour de France e se juntar aos “imortais “Anquectil, Merckx , Hinault e Indurain. Acontece que a Team Ineos tem como “plano B” o detentor do título. Em 2018 Geraint Thomas era mesmo o plano A e cumpriu! E este ano também é, fruto da ausência de Froome. Thomas tem uma equipa quase inteira a trabalhar para si. Quase! Porque se falhar entra então o plano C: o jovem Egan Bernal que falhou o Giro de Itália devido a lesão e apresenta-se neste Tour como um dos homens mais fortes na Team Ineos. O colombiano que o ano passado se estreou com um 15º lugar e com exibições de encher o olho pode ser uma das grandes surpresas e afirmar-se como um dos potenciais “voltistas” do futuro. Uma certeza: Bernal, se nada acontecer de negativo para o colombiano nos 21 dias de competição, chegará a Paris pelo menos com a camisola branca líder da juventude.  Os restantes elementos da Team Ineos são de luxo. Kwiatkowski é no Tour de France um super gregário. Aquilo que a equipa lhe dá até esta data, Kwia repõe a duplicar. E o que dizer do trabalho de Wout Poels e Kenny Elissonde? Poels tem sido o escudeiro preferido de Froome e este ano será certamente um elemento fundamental para as estratégias ou de Thomas ou de Bernal. Para o importante dia do CR por equipas a formação da Team Ineos tem nomes importantes como Jonathan Castroviejo e Dylan van Baarle.
TEAM SUNWEB
O ano de 2019 não tem sido fácil para os alemães da Team Sunweb. Apenas 6 vitórias e lesões, muitas lesões. Primeiro Sam Oomen, ele que se preparava para se estrear no Tour de France, saiu lesionado do Giro de Itália e já não compete mais este ano. Depois a maior baixa de todas. Tom Dumoulin, o segundo classificado do Tour em 2018. O holandês caiu na primeira semana do Giro e abandonou. Regressou no Critérium Dauphiné mas também não terminou a prova. A razão apontada foi a preparação para a prova francesa, mas as mazelas da queda em Itália ainda eram muitas e Tom Dumoulin não está fisicamente e talvez mentalmente preparado para as difíceis 3 semanas de Tour de France. Uma baixa de peso. Um dos favoritos à vitória final que assim aponta baterias para a Vuelta e para os mundiais em Yorkshire. A liderança da Team Sunweb é assumida por outro holandês, Wilco Kelderman. Sem vitórias deste 2015 quando foi campeão nacional de contrarrelógio, Kelderman tenta em 2019 melhorar a sua melhor prestação no Tour de France que foi um modesto 32º lugar em 2016. Michael Mathews, uma das estrelas da equipa e que este ano conta com 2 vitórias é o homem indicado para lutar pela camisola verde e para tentar repetir as vitórias em etapas de 2016 (1) e 2017 (2) .
TOTAL DIRECT ENERGIE
Outra equipa Pro Continental que recebeu o convite para marcar presença no Tour de France. Os franceses da Team Total Direct Energie trazem uma equipa para tentar “roubar “uma etapa às formações World Tour. Niki Terpstra nunca venceu uma etapa numa grande prova por etapas e será a aposta de Blaise Chauviere quando o pelotão estiver distraído a poucos km da meta. As acelerações de Terpstra e a sua capacidade de rolar podem ser decisivas para dar uma etapa à equipa francesa. Outra aposta é Lilian Calmejane. Vencedor de duas etapas no Tour de 2017 é um elemento importante para a Total Direct Energie entrar na luta pela classificação da camisola branca às bolinhas vermelhas. Rein Taaramae pode ser a solução para as fugas nas etapas montanhosas e Anthony Turgis o jovem que terá liberdade para fazer o que quiser.
TREK SEGAFREDO
Os americanos da Trek Segafredo chegam ao Tour com apenas 4 vitórias em 2019. A equipa de Steven de Jongh tem como líder o australiano Richie Porte que não se tem dado bem com a prova francesa. Porte nunca ganhou uma etapa no Tour. Aliás, Porte nunca ganhou uma etapa numa grande volta e a sua melhor classificação no Tour de France foi um 5º lugar em 2016. Nas últimas duas participações, 2017 e 2018, desistiu vítima de queda. A época de Porte resume-se à tradicional vitória na etapa do Willunga Hill no Tour Down Under. Na sua última competição, o Critérium du Dauphiné não foi além de um modesto 11º lugar. Muito pouco para as suas ambições e qualidade. Para ajudar Richie Porte numa boa classificação na geral individual teremos Bauke Mollema que se apresentou no Giro de Itália num nível bastante satisfatório. Será que o esforço despendido em Itália se vai sentir nas etapas montanhosas em França? Mollema, se as aspirações de Porte não estiverem novamente a serem cumpridas pode atacar uma etapa de montanha e conseguir a desejada vitória. Outra das figuras da Trek Segafredo é o italiano Giulio Ciccone , rei da montanha no Giro de Itália e vencedor da etapa com chegada a Ponte di Legno. Ciccone andou forte no seu país e pode brilhar agora em França. Pode ser uma aposta para uma boa classificação na camisola branca da juventude ou para as bolinhas vermelhas da montanha. Jasper Styven e Edward Theuns são peças importantes para atacar as muitas etapas acidentadas na edição 106º do Tour de France.
 
UAE TEAM EMIRATES
O líder da equipa UAE Team Emirates é Dan Martin. Fábio Aru tem tido uma época para esquecer. Foi operado a uma perna e pouco competiu este ano. Não restam alternativas à equipa liderada por Maxtin Fernández. A aposta no irlandês é a melhor solução para a geral individual do Tour de France. Dan Martin tem no sexto lugar de 2017 a sua melhor prestação e o primeiro grande objetivo passará por repetir um top 10 na chegada a Paris. É difícil identificar quem vai ajudar Dan Martin a atingir esse objetivo. Sérgio Henao parece ser o único com características de gregário e pode ser o braço direito de Martin nas etapas montanhosas dos Pirenéus e Alpes. Sendo Dan Martin o líder da equipa, qual o papel atribuído a Fábio Aru e a Rui Costa? É difícil de prever. Ambos aparentam estar num momento difícil, quer de forma quer de carreira e numa equipa onde não parece haver muita organização e estratégia definida, o italiano e o português não terão pela frente um Tour de France muito promissor. Tudo teórico, obviamente, porque ambos sabem o que é ganhar na Grande Boucle. Rui Costa, perdendo algum tempo nos primeiros dias de competição pode ser um elemento valioso para entrar em fugas vitoriosas e repetir o sucesso alcançado em 2011 (1 etapa) e 2013 (2 etapas). Para as etapas ao sprint a equipa dos Emirados Árabes Unidos tem uma baixa de peso: Fernando Gaviria não irá fazer parte dos planos. Fica assim a responsabilidade atribuída a Alexander Kristoff que nesta temporada leva 4 etapas vencidas e a geral da Volta à Noruega. Para “abrir caminho” ao norueguês teremos Jasper Philipsen, que também é uma boa alternativa a sprintar para os primeiros lugares e o seu compatriota Sven Erik Bystrøm
 
WANTY-GOBERT CYCLING TEAM
A equipa belga foi das que recebeu o wildcard para participar no Tour de France. Traz uma equipa disposta a dar nas vistas e isso significa atacar e entrar em fugas. Guillaume Martin é um jovem talentoso com alguns resultados de destaque. Este ano conta com uma espetacular etapa no Giro da Sicilia onde venceu no Etna. É a única vitória O ano passado terminou num honroso 23º lugar na prova francesa e em 3º lugar na classificação da juventude. Este ano completou 26 anos e já não pode competir pela camisola branca. Guillaume deverá ser dos poucos elementos de equipas Pro Continentais a andar junto dos melhores nas etapas montanhosas. Andrea Pasqualon é o sprinter da equipa. Um pódio numa etapa será uma grande conquista.
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Transmissão TV : Eurosport 1 e RTP
Hastag: #TDF #TDF2019 #TDF19
Boas pedaladas
AT
 
Nota: ao longo da competição iremos publicar algumas crónicas aqui no Blog: as nossas  “estórias de ciclismo” e “subidas com estórias"

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