Uma
das maiores rivalidades de sempre no mundo do ciclismo foi a protagonizada por
dois franceses! Jacques Anquetil, vencedor do Tour de France por 5 vezes
e Raymond Poulidor, o “Pou-Pou “ou como os adeptos lhe chamavam “o
eterno segundo” uma vez que nunca venceu a prova rainha do ciclismo, mas fez inúmeros
pódios.
As
batalhas “Anquetil vs Poulidor “ eram muito mais que um mero acontecimento
desportivo. Eram uma luta de classes com grande significado social. Jacques
Anquetil era filho burguês de um grande latifundiário enquanto Raymond Poulidor
vinha de famílias modestas de pequenos camponeses.
Uma
das fotos mais icónicas que traduz essa rivalidade lendária e uma das mais belas
recordações do Tour de France aconteceu a 12 julho de 1964. A etapa 20 ligava Brive
- Le Puy-de-Dôme numa distância total de 237km. A luta entre “Maître
Jacques” e “ Pou-Pou” estava como sempre ao rubro, Anquetil liderava com 56s de
vantagem para Poulidor e a subida a
Puy-de-Dôme e os seus 14km com 9% de média era uma das últimas oportunidades
para o ciclista da Mercier conseguir ultrapassar o tetra campeão do Tour.
Lá
na frente a luta era entre espanhóis. Jimenez e Bahamontes, dois dos maiores
trepadores de sempre, lutavam pela etapa, enquanto uma centena de metros atrás
a luta era pela vitória na Grand Boucle. Nas difíceis rampas finais de Puy-de-Dôme,
a ultrapassar os 13%, os dois franceses disputavam cada cm da estrada ao ponto
de lutarem “ombro a ombro” para ganhar alguma vantagem. A cada ataque de
Poulidor , Anquetil respondia e segurava os seus 56s. Jimenez deixou Bahamontes
para trás nos metros finais e vence e Poulidor estica a corda a 800m da meta fazendo-a
partir . Anquetil estava a ficar atrasado e perdeu 42s, segurando a camisola amarela
apenas por 14s. Uma jornada mítica e que ficará também marcada como sendo a
primeira vez que uma etapa é transmitida em direto para todo o mundo.
Na
chegada a Paris e depois de um contrarrelógio onde era especialista e vence com
grande autoridade, Anquetil conquista o seu quinto e último Tour de France deixando
Poulidor pela segunda vez nos lugares mais baixos do pódio. Começava a nascer o
mito do “eterno segundo “. Outros ganhavam, mas Pou-Pou era o ciclista mais popular
e idolatrado pelo povo francês.
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