sábado, 1 de agosto de 2020

O Regresso do World Tour : Strade Bianche 2020


Strade Bianche
 
Finalmente o regresso do World Tour !!!

Corre-se hoje a 14ª edição da Strade Bianche . Aquela prova que alguns já apelidam de clássica e que tem a particularidade de ter no percurso os famosos troços em terra batida!

O traçado é maioritariamente rural e percorre a bonita região da Toscana.

Apesar de disputada apenas desde 2007, as “estradas brancas” percorridas pelos melhores ciclista da atualidade tem muita história para contar. Além de fazer parte do dia a dia de uma zona que vive maioritariamente da agricultura e da vinha e que necessita destes estradões para chegar aos seus locais de trabalho, foram nestas estradas de terra batida que Gino Bartali “salvou “centenas de judeus italianos de cair nas mãos do regime de Roma e Berlim. A fantástica “aventura” de Bartali já foi contada no Aguadeiro Trepador Blog.
 
 

Originalmente disputada apenas por um conjunto de amantes das bicicletas , a Strade Bianche teve como primeiro nome de batismo L’ Eroica. A prova cresceu e em 2007 virou competição. A L Eroica, prova muito famosa que ainda se disputa e que tem a particularidade de limitar a inscrição a bicicletas antigas, deu lugar ao nome Monte Paschi Eroica. Teve como primeiro vencedor o russo Alexandr Kolobnev.

A prova ganhou fama e apesar de fazer parte do principal calendário da UCI apenas desde 2017 depressa cativou os principais homens especialistas em provas de um dia . Cancellara ganhou a prova três vezes e é o recordista de vitorias, Gilbert também a venceu em 2011, Moreno Moser em 2013 , Zdenek Stybar em 2015 e o polaco Michał Kwiatkowski duas vezes vencedor em 2014 e 2017. Em 2018 a corrida foi épica. Num terreno completamente encharcado onde o pó branco foi transformado em lama e numa prova atacada desde o seu início foi Tiesj Benoot (sim a sua cara estava irreconhecível, mas foi mesmo ele) que cruzou em primeiro a linha de meta na bonita Piazza il Campo. Um dos grandes momentos da temporada.
 
Benoot venceu em 2018
 

O percurso
 
Percuso Strade Bianche 2020
 

O traçado da edição de 2020 é idêntico ao percorrido nos anos anteriores. De Siena a Siena numa volta de 184km passando pelos já tradicionais Montalcino , Monte Sante Marie, troço de terra batida de 11,5km onde Fabian Cancellara está homenageado, o Le Tolfe a 12km da meta com os seus 18% de inclinação máxima em estrada não asfaltada e por fim os já famosos 700metros da Via Santa Catarina que são a porta de entrada para a Piazza del Campo berço da cidade de Siena , património mundial da UNESCO.
 
Últimos 20 km
 

O pelotão (ver starlist)

Poucas palavras para o pelotão que se irá apresentar na partida em Siena: um luxo!!!

Esta Strade Bianche tem a “carne toda no assador” :

Mathieu van der Poel, Wout Van Aert, Julian Alaphilippe, Michal Kwiatkowski, Jakob Fuglsang Tiesj Benoot, Zdenek Stybar, Maximilian Schachmann, Michael Woods
Simon Clarke, Philippe Gilbert, Peter Sagan, Kasper Asgreen, Dylan Teuns
Davide Formolo, Alexey Lutsenko, Greg Van Avermaet, Bob Jungels, Gianni Moscon…

Impossível fazer previsões. Os 5 meses de paragem forçada podem trazer muitas surpresas e as competições virtuais não serão certamente um bom indicador da forma atual do pelotão.

A presença portuguesa será assegurada pelo poveiro Rui Costa.
 
Wout van Aert - via Santa Catarina
 

A Strade Bianche não faz parte dos “monumentos do ciclismo” nem saberemos se um dia irá ser o 6º monumento. Mas uma coisa temos a certeza. A rampa da Via de Santa Catarina não é o Koppenberg , a Trouée de Arenberg , o Poggio, La Redoute ou o Muro di Sormano , mas nos últimos anos tem sido palco dos finais mais bonitos a que temos assistido . Quem não se lembra de Sagan entrar á morte em 2014 para depois ser ele a morrer ao primeiro esticão de Kwia? Ou de Brambilla que andou isolado uma prova inteira para depois ser “comido “por Cancellara e Stybar nos metros finais? Ou do sofrimento de Wout van Aert que colapsou fisicamente? Começam a ser 700m com muita história.

A Strade Bianche está a fazer o seu caminho para a história. Devagar para não escorregar. Pois as estradas brancas da Toscana são perigosas e qualquer erro pode ser fatal. Até agora a Strade Bianche nunca falhou. Foi sempre espetacular!!!
 
Boas pedaladas !
AT

Sem comentários:

Enviar um comentário